No último dia para utilizar os recursos federais do Programa Educação em Tempo Integral, municípios potiguares e o Estado do RN ainda não aplicaram R$ 34 milhões dos R$ 80 milhões destinados à ampliação de vagas em escolas de tempo integral. Com o fim do prazo, nesta sexta-feira (31), os valores podem ser devolvidos ao Governo Federal. Segundo dados do MEC e das prefeituras, os principais entraves foram dificuldades com licitações, atrasos em obras e desconhecimento dos procedimentos burocráticos do Ministério.
A Undime/RN solicitou prorrogação do prazo, mas até o
fechamento desta edição não havia resposta do MEC sobre o pleito. Ainda assim,
secretários municipais aguardavam até a tarde de ontem uma publicação no Diário
Oficial que permitisse o uso dos recursos fora do prazo original. De acordo com
o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, entidade que financia o
programa, o MEC avalia uma possível prorrogação do prazo. “O MEC tem ciência de
que diversos entes federativos ainda possuem saldos em conta e vem avaliando
internamente a possibilidade de adotar medidas que permitam a ampliação do
prazo de execução, considerando a quantidade significativa de entes que têm
solicitado prorrogação”.
Do total de R$ 80,8 milhões repassados ao Rio Grande do
Norte por meio do programa, ainda restam em conta R$ 34 milhões, incluindo
rendimentos. Desse montante, R$ 7,2 milhões estão sob responsabilidade da rede
estadual e R$ 26,7 milhões das redes municipais. Até ontem, o percentual de
execução dos recursos era de 71,16%.
De acordo com a União dos Dirigentes Municipais de
Educação (Undime/RN), a situação é desigual entre os municípios. Algumas
prefeituras já conseguiram executar integralmente os valores, enquanto outras
ainda enfrentam pendências que podem comprometer o uso total dos recursos
dentro do prazo. Segundo o presidente da Undime/RN, Petrúcio Ferreira, o
cenário atual é de atenção, mas com tendência de avanço na reta final de
execução. “Atualmente, parte significativa dos municípios já alcançou execução integral
dos valores recebidos, enquanto outros apresentam percentuais variando entre
61% e 99%. Um grupo menor ainda se encontra abaixo de 60% de utilização”,
afirma.
Além dos obstáculos administrativos, a Undime identificou
casos pontuais de municípios em risco de não cumprir o prazo por entraves
licitatórios. O presidente afirma que a entidade atua preventivamente junto ao
FNDE, MEC e Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e do Lazer (SEEC) para
evitar devoluções.
A devolução, segundo o dirigente, representaria perdas
significativas para a educação pública potiguar. “A devolução de recursos teria
impacto significativo, representando não apenas perda financeira, mas também a
interrupção de ações pedagógicas e estruturais voltadas à ampliação do tempo de
aprendizagem e à melhoria da qualidade educacional. Por isso, a Undime/RN
reforça seu compromisso em apoiar os municípios para assegurar a execução
integral dos recursos e a consolidação do Programa Escola em Tempo Integral
como política pública permanente”, considera.
De acordo com a Undime, os municípios terão até 60 dias
após o término do prazo de execução para finalizar a prestação de contas e
acredita que o índice de aplicação deve superar 75% até o fim do processo. A
entidade também solicitou ao MEC a ampliação do prazo oficial de execução e
prestação de contas, mas ainda não recebeu resposta ao pleito.
Estado e capital
Em nota, a Secretaria Estadual de Educação informou que
“a execução dos recursos recebidos por meio do Programa Escola em Tempo Integral
(ETI), do Ministério da Educação, será concluída até esta sexta-feira, 31 de
outubro de 2025, dentro do prazo estabelecido pelo programa. Do total de R$ 16
milhões destinados à rede estadual, a SEEC assegura que a integralidade dos
recursos estará empenhada, liquidada e paga até a data limite”.
Tribuna do Norte
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