Não está tão certa como aparenta a aliança do PSB da
vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria, com o PMDB, do pré-candidato a
governador Henrique Eduardo Alves. Bem como não foi em “céu de brigadeiro” a
reunião do PSB potiguar com o presidente nacional da legenda, governador de
Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos. Tanto é que o PSB potiguar poderá
ter de ir à executiva nacional do PSB para justificar a posição adotada no Rio
Grande do Norte de aliança com o PMDB. E mais: Isso não será sinônimo de tranquilidade:
A executiva nacional do PSB tem poder de veto da aliança do partido no estado
com o PMDB.
Em entrevista ao Jornal de
Hoje, a presidente do diretório do PSB em Natal, Márcia Maia, afirmou que, se
necessário, o PSB irá até a Executiva Nacional do PSB para justificar a aliança
com o PMDB, o que mostra que nada ficou resolvido em definitivo na reunião da
última quinta-feira do Diretório Estadual do PSB com o presidente do Diretório
Nacional. Segundo Márcia, os argumentos usados pelos socialistas potiguares
para justificar a união com o PMDB foram os já batidos: o caos no estado. No
entanto, os potiguares poderão ter que ir à executiva nacional, que é o órgão
de deliberação máxima do PSB no Brasil.
“Eduardo compreendeu a
situação do Rio Grande do Norte que é caótica e de dificuldades. Esse foi o
argumento que nós colocamos para o PSB nacional. Mas, se for necessário, vamos
à executiva nacional colocar esses argumentos em favor dessa união. Temos a
possibilidade de unir forças políticas”, afirmou a deputada, ao participar do
encontro do PMDB que lançou a pré-candidatura do presidente da Câmara dos Deputados,
Henrique Alves, a governador do RN.
Questões políticas nacionais
estariam por trás da negativa de Eduardo Campos em conceder o PSB para a
aliança de Henrique no Rio Grande do Norte. Provável candidato a presidente da
República, Eduardo Campos gostaria de ter negociado diretamente com Henrique.
Entretanto, o processo teria sido atropelado pelo próprio Henrique, que,
temendo má interpretação da presidente Dilma Rousseff (PT), evitou dialogar
diretamente com Campos, negociando apenas com Wilma.
Resultado: Eduardo Campos
estaria chateado com Henrique, mas, sobretudo, com Wilma e o PSB potiguar. Com
poder de veto da aliança entre Wilma e Henrique, Eduardo Campos teria informado
aos potiguares que, talvez, o grupo devesse se manifestar diretamente à executiva
nacional, que deliberaria quanto a aliança com o PMDB no Rio Grande do Norte.
Afinal de contas, o PMDB será adversário do PSB em vários estados, inclusive
será contra Campos nacionalmente.
A reunião do PSB potiguar com
Eduardo Campos aconteceu na última quinta-feira, no Palácio Campos das
Princesas, no Recife. Nela, o governador de Pernambuco teria deixado claro sua
insatisfação. Pela proximidade com Henrique, e tendo em vista o desejo e a
necessidade de Henrique de se aliar ao PSB local para conseguir chegar ao
governo do Estado, o PSB norte-rio-grandense poderia ter contribuído mais com o
projeto nacional do PSB, ao viabilizar que Eduardo Campos negociasse
diretamente com Henrique.
É pela necessidade, talvez, de
ter que ir à executiva nacional do PSB, justificar a posição do PSB estadual,
que Wilma não confirmou a candidatura dela ao Senado. Por sua vez, Henrique, se
quiser realmente contar com o PSB, poderá ter que ir conversar com Campos. O
pré-candidato a presidente da República pretende contar com Henrique para
resolver pendências do PSB nos estados. Se o PSB é importante para eleição de
Henrique governador, como o peemedebista chegou a admitir ontem, que o PMDB
também seja importante para o PSB em algum sentido. Essa seria a lógica.
Executiva nacional
Como presidente da executiva
nacional do PSB, Eduardo Campos, com apoio da executiva, pode definir a linha
do PSB nos Estados. Nesse sentido, ele pode exigir que Wilma seja candidata ao
governo, e não ao Senado, para ter palanque próprio no RN. Numa disputa direta
ao governo, Wilma venceria Henrique, segundo apontam as pesquisas. A Executiva
Nacional do PSB é presidida pelo próprio Eduardo Campos. Tem como presidente de
honra o escritor Ariano Suassuna.
A dificuldade de Henrique para
negociar diretamente com campos se deve ao fato de que, assim, o presidente da
Câmara teria de trabalhar em favor da candidatura do socialista a presidente da
República. Seria visto, portanto, por Dilma Rousseff, como um adversário,
azedando a relação que espera ser cordial com a cúpula nacional do PT,
especialmente com a própria presidente, já que o PMDB indicará Michel Temer
para vice-presidente, renovando a parceria com Dilma. No entanto, se atender
Eduardo Campos, Henrique conseguirá contar com o PSB no seu palanque estadual.
Se não atender, terá muito provavelmente que enfrentar Wilma nas urnas pelo
governo.
Assessor de Marina Silva:
“Henrique Alves representa o que há de pior na política”
O receio de parecer o
lançamento de uma candidatura antes do período permitido não foi o único
motivador das respostas evasivas da ex-governadora Wilma de Faria no evento do
PMDB nesta sexta-feira, no hotel Praiamar. O fato é que o partido dela, o PSB,
ainda não aceitou a desistência de Wilma da disputa pelo Governo do Estado e,
aceitou menos ainda, a aliança com o presidente da Câmara dos Deputados,
Henrique Eduardo Alves, do PMDB.
A situação seria tão grave que
Wilma teria até comunicado a Henrique que estava com dificuldades para
convencer a Executiva Nacional peessebista, segundo noticiou o jornal Estadão.
A informação, inclusive, justifica a evasividade de Wilma nas respostas quando
questionada se a presença dela no evento do PMDB, confirmava o apoio do PSB e a
pré-candidatura dela ao Senado. “Estamos conversando, analisando, e vamos continuar
assim na próxima semana”, respondeu Wilma.
A notícia sobre essa
resistência está no site do jornal Estadão de São Paulo. Segundo o dirigente do
partido, Carlos Siqueira, a presença do PSB na composição não tem ainda o aval
da cúpula partidária. “Apesar da aproximação estadual com o PMDB, a aliança
ainda tem de passar pela chancela da Executiva Nacional. E se isso fosse hoje,
não seria aprovado”, disse.
O portal Nominuto também
comentou o fato, ressaltando que o PSB não só não teria aceito a candidatura de
Wilma ao Senado, como também resiste a uma aliança com Henrique Eduardo
Alves. “Henrique Alves representa o que há de pior na política brasileira e
isso vai de encontro ao discurso da nova política que Eduardo Campos e Marina
estão apresentando ao Brasil neste momento”, declarou o assessor de Marina
Silva. “Henrique Alves é da turma do Eduardo Cunha, a figura que mais
representa o atraso e os vícios da política nacional”, acrescentou.
Por sinal, em entrevista antes
do evento, a deputada estadual Marcia Maia, filha de Wilma e também integrante
do PSB, confirmou que o partido ainda está analisando a situação da
ex-governadora e da aliança com o PMDB. Segundo ela, está sendo levado para a
cúpula nacional do partido o mesmo discurso que é falado para o eleitor, de que
as alianças são consequência do desejo dos partidos de se unir para tirar o Rio
Grande do Norte da crise. Ao que parece, no entanto, nem a Executiva do próprio
partido, Wilma conseguiu convencer com essa fala, até agora.
SILÊNCIO
Enquanto Wilma evitou
confirmar a condição de pré-candidata ao Senado e, até, o apoio ao PMDB, o
deputado federal João Maia silenciou sobre a presença dele na chapa encabeçada
por Henrique, na condição de candidato a vice-governador. E manteve o silêncio
mesmo diante de várias perguntas dos jornalistas presentes. João Maia olhava
para os jornalistas e sorria.
O máximo que falou sobre o
assunto foi quando questionado quando ele confirmaria a condição de
pré-candidato a vice. “Só no dia 5″, comentou, sendo questionado, em seguida,
do porque então não anunciava logo no evento que era o nome da aliança para o
cargo. “Porque hoje não é o dia 5″, justificou.
Fonte: Jornal de Hoje