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Governos reconhecem a seca, mas esquecem o sertanejo

O governo federal e o estadual já reconheceram oficialmente a situação de emergência provocada pela seca em diversos municípios do Rio Grande do Norte. O papel, como sempre, veio rápido — o socorro, não. Enquanto o decreto circula nos diários oficiais e nas redes sociais, o homem do campo segue enfrentando o mesmo cenário de sofrimento: poços secos, gado morrendo de fome e sede, e plantações dizimadas pela estiagem.

De que adianta o reconhecimento formal da calamidade se as medidas práticas não chegam à ponta? As promessas de carros-pipa, cestas básicas e linhas de crédito emergenciais continuam presas na burocracia, na lentidão e, pior, na falta de prioridade. A seca é velha conhecida do Nordeste, mas o descaso é ainda mais antigo.

O drama se repete a cada ano, como um ciclo previsível da omissão. Quando as chuvas rareiam, o sertanejo luta sozinho. Quando o solo racha, o governo aparece com discursos e decretos. Quando a fome bate à porta, anunciam planos e programas que raramente saem do papel. A distância entre a propaganda oficial e a realidade vivida nas comunidades rurais é cada vez mais abissal.

Enquanto isso, quem vive do roçado vê o trabalho de meses virar pó. O agricultor, que ainda guarda esperança na terra, enfrenta o abandono e o esquecimento. As políticas públicas que deveriam garantir segurança hídrica e apoio à produção rural se transformaram em promessas adiadas, empurradas de governo em governo. A cada nova gestão, muda o discurso — mas o sofrimento continua o mesmo.

Faltam ações estruturantes. Em vez de medidas emergenciais que apenas aliviam momentaneamente o problema, o campo precisa de investimentos permanentes em adutoras, poços artesianos, dessalinizadores e assistência técnica. É preciso garantir que o sertanejo tenha condições de resistir à seca sem depender de favores políticos ou paliativos que se transformam em moeda eleitoral.

O sertanejo não precisa de decreto — precisa de ação. O campo não sobrevive com discurso, e a dignidade do homem do interior não pode depender da conveniência política. O governo reconhece a emergência, mas quem vive, sente e paga o preço da estiagem é o sertanejo que vê sues animais morrendo de sede e de fome.

Até quando o sertão vai continuar sobrevivendo à custa da resistência do seu povo, enquanto o poder público se limita a reconhecer o óbvio? O reconhecimento da seca não pode ser o fim do problema — deve ser o começo da solução. 

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