O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF), determinou a retirada dos advogados da defesa de dois réus
ligados ao chamado Núcleo 2 do suposto “golpe” durante o governo
Bolsonaro. A decisão atinge os advogados Eduardo Kuntz e Jeffrey Chiquini, que
representavam, respectivamente, Marcelo Câmara e Filipe Martins. Câmara foi
assessor de Jair Bolsonaro, enquanto Martins atuou como assessor de assuntos
internacionais no governo do ex-presidente.
Segundo Moraes, os defensores não apresentaram as
alegações finais dentro do prazo estipulado, que terminou em 7 de outubro, e
teriam adotado comportamento considerado “inusitado” com o objetivo de atrasar
o andamento do processo. O ministro entendeu que houve litigância de má-fé e
determinou que a defesa dos dois réus seja assumida pela Defensoria Pública da
União (DPU).
Em nota, o advogado Eduardo Kuntz afirmou que pretende
entregar as alegações finais até 23 de outubro, argumentando que o prazo de 15
dias começou a ser contado apenas em 8 de outubro, data em que uma diligência
autorizada por Moraes foi incorporada ao processo. Ele disse ainda que pretende
continuar atuando “no exercício intransigente da independência profissional”.
O advogado Jeffrey Chiquini divulgou nota criticando a
decisão que o afastou da defesa de Filipe Martins, afirmando que a medida é
ilegal, arbitrária e viola o direito de defesa e as prerrogativas da advocacia.
Segundo ele, não houve perda de prazo, mas sim pedido de suspensão diante da
inclusão de novos documentos pela PGR. Chiquini classificou a decisão como
autoritária, sem amparo legal, e cobrou posicionamento da OAB e de outras
instituições em defesa do Estado Democrático de Direito. Ele disse ainda que
recorrerá a instâncias nacionais e internacionais para reverter o afastamento e
reafirmou compromisso com a Constituição e a liberdade da advocacia.
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