Em 2023, o Rio Grande do Norte virou palco de um dos
maiores exercícios de ficção política já vistos no estado. A governadora Fátima
Bezerra anunciou, com entusiasmo ensaiado, que o governo Lula destinaria R$ 45
bilhões em investimentos ao RN. Um número tão grandioso quanto irreal.
Propaganda pura, desconectada da realidade e ofensiva à inteligência de quem
acompanha os fatos.
O anúncio virou espetáculo. Setores da imprensa transformaram promessa em certeza, discurso em dado concreto e intenção em manchete. Foi uma avalanche de elogios, como se o dinheiro já estivesse circulando, gerando empregos e mudando a vida das pessoas. Não estava. Nunca esteve.
A máquina governista vendeu sonho, aplaudida por uma imprensa dócil, sempre pronta para transformar promessa em manchete e papel assinado em “obra histórica”. Quem ousou questionar foi tratado como inimigo. Mas o tempo, implacável, tratou de desmentir o teatro.
O tempo passou e a conta não fechou. Nem de longe. Se o
estado tivesse recebido algo em torno de R$ 8 bilhões efetivos, já seria um
feito extraordinário. Mas a realidade foi bem mais modesta — quase
constrangedora. Os investimentos reais mal arranham a casa dos bilhões. O
restante ficou restrito a protocolos, anúncios futuros, convênios sem execução
e apresentações de PowerPoint tratadas como grandes obras.
Não surgiram canteiros, não houve impacto econômico
relevante, não se viu desenvolvimento. O que prosperou foi a encenação: fotos,
discursos e narrativas cuidadosamente embaladas para consumo político.
No Rio Grande do Norte, institucionalizou-se a fantasia
como política pública. Prometeu-se e mentiu-se demais, cobrou-se de menos e
aplaudiu-se tudo. Sobrou propaganda, faltou vergonha e verdade. E, mais uma
vez, quem paga a conta é o cidadão.
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