A crise da direita brasileira não vem da esquerda, nem de
Lula, nem do “sistema”. Vem de dentro — mais precisamente de uma família que
transformou um projeto político em herança de sangue. Os Bolsonaros não
conduzem a direita: sequestraram-na. E agora a arrastam para um abismo
previsível.
A aclamação precoce de Flávio
como sucessor natural não é gesto político — é confissão. Confissão de que não
existe projeto, de que não há debate interno, e de que o movimento inteiro se
ajoelha diante de uma dinastia improvisada. O país pode mudar, os cenários
podem virar, mas para o clã Bolsonaro a única lógica é hereditária: pai decide,
filhos ocupam espaço, aliados obedecem.
O Partido Liberal, que
poderia liderar a reorganização da direita, optou por se reduzir a
guarda-costas da família. E o espetáculo é nacional. No RN, a subserviência
virou regra: Rogério Marinho e companhia repetem o script sem questionar, como
se a política fosse extensão doméstica do condomínio Bolsonaro.
O efeito disso é
devastador. A direita que busca reconstrução, credibilidade e protagonismo
percebe que está sendo conduzida por quem não aceita dividir poder, nem ouvir
divergência. E enquanto o campo conservador se rende a esse feudalismo
político, Lula assiste em silêncio — porque nada favorece mais o petismo do que
uma oposição incapaz de se libertar de seus próprios donos.
Se a direita quiser
disputar 2026 de fato, precisa romper a servidão e apresentar uma alternativa
real. Não há caminho de vitória com Flávio Bolsonaro, porque sua candidatura
não representa um projeto nacional: representa um sobrenome.
O maior cabo eleitoral de
Lula não é o PT. É a monarquia Bolsonaro — que implode a direita por dentro
enquanto ainda exige aplausos.
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