O projeto de poder do prefeito Allyson Bezerra para
chegar ao Governo do Estado já tem nome nos bastidores. Acordão. E não é
qualquer acordo. Reúne nada menos que as duas principais oligarquias do Rio
Grande do Norte, Alves e Maia, além de um pacote completo. Partidos fortes,
fundo eleitoral turbinado, tempo de TV e rádio e prioridade máxima para eleger
a primeira-dama Cinthia Pinheiro deputada estadual.
Leia também: Acordo de bastidores salva nominata do MDB e aproxima partido de Allyson
Bezerra para 2026
Ironia do destino, ou da política. Allyson surgiu como
outsider, o “pobrezinho” que enfrentou, em 2020, uma Rosalba Ciarlini
desgastada, com os Rosados em frangalhos depois de décadas mandando em Mossoró.
Vestiu chapéu de couro, abraçou o marketing do coitadismo e vendeu a narrativa
do povo contra as oligarquias. Deu certo. Venceu um grupo político que dominava
a cidade há mais de 70 anos.
Mas o poder muda as pessoas. E Allyson entendeu rápido a
regra do jogo. Hegemonia não se constrói sozinho. Precisa de alianças. Ou
melhor, de acordões.
Hoje, o prefeito já está de braços dados com a família
Maia. É aliado de primeira hora da senadora Zenaide Maia, do deputado João Maia
e recebe, sem constrangimento, as orientações do jurássico Agripino Maia, velho
cacique da política potiguar. Agora, o flerte é com os Alves, mais
especificamente com o vice-governador Walter Alves, mirando o controle do MDB.
O acordo foi escancarado pelo próprio João Maia.
A federação PP/União Brasil entra para salvar a nominata do MDB para
deputado estadual; em troca, o MDB apoia o projeto de Allyson ao Governo,
indica o vice e ainda trabalha para eleger Walter deputado estadual, tudo para
evitar que ele assuma o governo numa eventual renúncia de Fátima Bezerra.
Nos bastidores, o acordo está praticamente fechado. Só
esqueceram de um detalhe básico. Combinar com o povo.
Esse tipo de arranjo de cúpula, feito em sala fechada,
com figurões decidindo o futuro do Estado como se fosse herança de família, não
é novidade. Foi exatamente esse modelo de acordão que levou à derrocada de
Henrique Alves, o “governador de férias”, derrotado por Robinson Faria em 2014,
quando o eleitor cansou da velha política.
O povo já viu esse filme. E, geralmente, não gosta do
final.
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