A relação entre a governadora Fátima Bezerra (PT) e o
vice-governador Walter Alves (MDB) atravessa um dos momentos mais delicados
desde o início da gestão. O que antes se sustentava por conveniência
institucional hoje revela sinais claros de desgaste político, marcado por
silêncios estratégicos, movimentos calculados e uma disputa velada por
protagonismo.
De um lado, Fátima tenta preservar o controle do processo
sucessório e manter o PT no centro das decisões que envolvem 2026. Do outro,
Walter Alves, herdeiro de um grupo político tradicional e experiente, cobra
espaço, previsibilidade e respeito aos acordos firmados nos bastidores da
aliança.
O problema é que o calendário corre, e o discurso público
já não consegue esconder o desconforto. Enquanto o governo busca estabilidade e
coesão, o vice observa, avalia e se posiciona, consciente de que qualquer passo
em falso pode redefinir o tabuleiro político do Rio Grande do Norte.
Esse estica e puxa expõe mais do que divergências
pessoais: revela a dificuldade histórica do PT em dividir poder quando se
aproxima o momento de decidir sucessão. Ao mesmo tempo, testa a paciência do
MDB, partido que sempre soube jogar com o tempo e usar a institucionalidade
como trunfo.
No fim, o embate não é apenas sobre cargos ou protagonismo,
mas sobre quem conduzirá o futuro político do Estado após o fim do ciclo de
Fátima Bezerra. Até lá, o governo segue funcionando, mas sob a tensão
permanente de uma aliança que já não caminha com a mesma sintonia.
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