No Rio Grande do Norte, quem sonha em desbancar os atuais
oito deputados federais e dois senadores em 2026 terá de enfrentar uma
realidade dura: o jogo eleitoral começa profundamente desigual. A força
financeira garantida pelas emendas parlamentares cria um escudo político quase
intransponível.
Só em 2025, cada deputado federal contará com mais de R$ 37 milhões em recursos
individuais para distribuir. No caso dos senadores, o montante ultrapassa R$ 68 milhões. Por lei, metade
dessa verba precisa ser destinada à saúde — mas o restante segue livre para
reforçar bases eleitorais, irrigar municípios aliados e ampliar o alcance
político.
Enquanto isso, não existe obrigação de apresentar sequer
um único projeto relevante durante todo o mandato. Mesmo assim, cada parlamentar
opera com uma verba digna de gestor do Executivo — porém sem carregar o peso da
responsabilidade administrativa.
Somando todos os parlamentares, a conta impressiona: em
2025, os 513 deputados e 81 senadores manejarão R$ 24,6 bilhões apenas em emendas
individuais. E o volume não para aí. Outras três categorias — emendas de
bancada, de comissões e as controladas pelo relator do Orçamento — elevam o
total para mais de R$ 50 bilhões.
Em um cenário assim, quem já está no jogo larga com
metros de vantagem. E quem tenta entrar precisa de muito mais do que voto:
precisa romper um sistema que se retroalimenta e consolida mandatos com
dinheiro público carimbado como “emenda”.
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