O pão e circo não é invenção de Lula, nem de Bolsonaro. É
o truque mais velho da política. Distração embalada em música alta. O
brasileiro, eterno refém do batuque, troca a indignação pela cerveja gelada.
Não vai pela causa. Vai pelo som.
É triste, mas é isso. Se não tiver show, a massa não se
move. O protesto vira micareta. O trio elétrico substitui a tribuna. O batuque
encobre a falência da política. Quem manda não é a pauta, é o refrão.
No RJ, quem conduz esse teatro são os velhos
cardeais da MPB. Caetano, Gil, Chico, outrora “rebeldes”, hoje anistiados pelo
próprio sistema que dizem combater. Em Salvador, Daniela Mercury canta contra a
anistia como se fosse mais uma terça de carnaval. A elite artística finge
indignação, mas o caixa continua cheio. Cheio do seu dinheiro.
A Lei Rouanet virou aposentadoria de luxo. Artistas que
já viveram seu auge agora sobrevivem da mamata pública. Milhões escorrem pelo
ralo da cultura “engajada”, enquanto o cidadão comum paga a conta suando cinco
meses por ano só em impostos.
No fim, o povo vai achando que está lutando contra a
anistia. Mas não passa de plateia. Massa de manobra embalada em batuque. A
política virou espetáculo. A indignação, coreografia. E a democracia, um palco
de vitórias-régias infláveis.
Quer mesmo mudar o Brasil? Então desligue o som. Porque,
enquanto a causa for festa, a política continuará sendo farsa.
Ismael Souza
0 comentários:
Postar um comentário