"Moro você tem 27 Superintendências, eu quero apenas
uma, a do Rio de Janeiro”, disse Bolsonaro a Moro, por mensagem de WhatsApp,
segundo transcrição do depoimento à PF, disse o ministro segundo a transcrição
o depoimento.
A íntegra do depoimento foi divulgada pela CNN Brasil.
A Folha também teve acesso.
Os investigadores perguntaram a Moro se ele identificava
nos fatos apresentados em sua entrevista coletiva alguma prática de crime por
parte de Bolsonaro. O ex-ministro disse que os fatos narrados por ele são
verdadeiros, mas não afirmou se o presidente teria cometido algum crime.
“Quem falou em crime foi a Procuradoria-Geral da
República na requisição de abertura de inquérito e agora entende que essa
avaliação, quanto a prática de crime cabe às Instituições competentes”, disse
Moro.
Segundo Moro, o então diretor da PF, Maurício Valeixo,
"declarou que estava cansado da pressão para a sua substituição e para a
troca do SR/RJ". "Que por esse motivo e também para evitar conflito
entre o presidente e o ministro o diretor Valeixo disse que concordaria em
sair", afirmou o ex-ministro.
De acordo com Moro, em seguida o presidente Bolsonaro
"passou a reclamar da indicação da Superintendente de Pernambuco".
Segundo ele, "os motivos da reclamação devem ser indagados ao Presidente
da República".
Segundo o ex-ministro da Justiça, "o presidente lhe
relatou verbalmente no Palácio do Planalto que precisava de pessoas de sua
confiança, para que pudesse interagir, telefonar e obter relatórios de
inteligência".
O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal,
decidiu nesta segunda-feira (4) liberar a divulgação do depoimento prestado por
Sergio Moro à Polícia Federal.
O depoimento é considerado um dos principais elementos do
inquérito que pode levar à apresentação de denúncia contra o ex-ministro da
Justiça ou contra o presidente Jair Bolsonaro.
O documento foi tornado público após a defesa de Moro
informar que não se opunha à sua divulgação. O ex-juiz da Lava Jato depôs por
mais de oito horas na Polícia Federal em Curitiba.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu
nesta segunda-feira ao ministro Celso de Mello que três ministros do governo
Jair Bolsonaro sejam ouvidos no inquérito que apura se o presidente tentou
interferir indevidamente em investigações da PF.
Ele também solicitou ao STF cópia do vídeo da reunião
realizada entre o presidente, o vice-presidente Hamilton Mourão e ministros de
Estado, além de presidentes de bancos públicos, no último dia 22, no Palácio do
Planalto.
Aras entendeu ser necessário colher os depoimentos dos
ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Augusto Heleno (Gabinete
de Segurança Institucional) e Walter Souza Braga Netto (Casa Civil) para o
esclarecimento dos fatos.
Leia a íntegra do depoimento prestado pelo ex-ministro
Sergio Moro à PF, aqui.
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