Em pleno século XXI, o sertanejo potiguar continua sendo
vítima de um drama antigo: a seca. Mas agora, ela não se apresenta apenas na
forma de terra rachada e céu sem nuvens — o que enfrentamos hoje é a chamada seca
verde, quando há chuvas insuficientes e mal destribuidas, vegetação
enganadoramente verde, mas reservatórios vazios, pasto seco e lavouras
perdidas. E diante desse cenário, tanto o governo federal quanto o estadual
parecem ignorar o sofrimento do homem do campo.
Sob a liderança do presidente Lula, que em outras épocas
foi símbolo de esperança para o semiárido nordestino, esperava-se mais.
Esperava-se investimento em infraestrutura hídrica, ações emergenciais de
abastecimento, crédito facilitado, apoio ao pequeno agricultor. Mas o que se vê
é ausência de planejamento, lentidão na resposta e ações.
No Rio Grande do Norte, a governadora Fátima Bezerra
também falha ao não tratar a seca como prioridade urgente. Apesar de relatórios
da EMPARN e de alertas de órgãos técnicos apontarem para a gravidade da
situação nos últimos meses, a resposta do governo estadual tem sido tímida,
burocrática e desconectada da realidade rural.
Enquanto isso, agricultores perderam plantações,
criadores veem seus rebanhos definharem, e comunidades inteiras recorrem a
carros-pipa como única fonte de água potável. O sertanejo, resiliente por
natureza, segue resistindo. Mas até quando?
A chamada "seca verde" exige uma nova
mentalidade de gestão: políticas públicas eficazes, estruturantes, contínuas e
adaptadas à nova realidade climática. Não se pode mais tratar a estiagem como
evento pontual ou de responsabilidade exclusiva dos céus. É preciso agir com
planejamento, com empatia e com presença do Estado.
O silêncio e a inação dos governos frente à seca no
sertão potiguar não são apenas falhas administrativas: são negligência social,
econômica e moral. O sertão pede socorro. E o mínimo que se espera é que seja
ouvido — e atendido — antes que seja tarde demais.
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