Ao ser eleita, Fátima Bezerra encarnava a esperança de ruptura com um ciclo de incompetência e desgoverno que marcou a gestão de seu antecessor, Robinson Faria. Fez da crítica à herança maldita — salários atrasados, colapso fiscal e descrédito institucional — o alicerce de sua ascensão política. A promessa era de reconstrução, responsabilidade e sensibilidade social.
No entanto, passados os anos, o que se vê é o espelho do
fracasso anterior. O governo Fátima termina sob a sombra de tragédias
anunciadas e descontrole generalizado. A saúde pública agoniza, a educação
retrocede, a segurança capitula diante da violência crescente, e a
infraestrutura do estado se deteriora à vista de todos. O discurso da esperança
se perdeu na inércia da máquina pública, na má gestão dos recursos e na
ausência de um projeto de estado efetivo.
A ironia é amarga: aquilo que Fátima denunciava em
Robinson, reproduziu com roupagem diferente — e, em alguns pontos, agravada. A
alternância de poder, que deveria significar renovação de práticas e ideias,
revelou-se mera troca de personagens.
Hoje, os dois se igualam na memória crítica da população
potiguar: gestores que, embora distintos em origem e retórica, protagonizaram
capítulos semelhantes de estagnação, frustração e retrocesso.
O retrato que fica é simbólico: Fátima e Robinson, outrora antagonistas, agora parecem figurar lado a lado na história recente do Rio Grande do Norte como personagens de um mesmo naufrágio. Unidos não pela política, mas pelo fracasso. Um verdadeiro abraço dos afogados.
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