Sem aviso prévio, a Venezuela começou a cobrar o imposto
de importação sobre os produtos brasileiros que seriam isentos mediante
apresentação do certificado de origem. Representantes de setores locais
envolvidos na operação ainda apuram por que o País vizinho passou a fazer isso.
Desde 2014, Brasil e Venezuela têm um Acordo de
Complementação Econômica que os impedem de cobrar, entre si, o imposto sobre
quase todos os itens. Assim, apenas eventuais descumprimentos do termo ou
decisões unilaterais retomariam a cobrança. No ano passado, a relação entre os
países ficou estremecida após o presidente Lula (PT) não reconhecer a reeleição
do ditador Nicolás Maduro.
O País de Maduro é o principal parceiro comercial de
Roraima, consecutivamente, desde 2019. Em 2024, o Estado exportou, para a nação
vizinha, 144,6 milhões de dólares em produtos (R$ 799 milhões na atual
cotação), especialmente farinha, cacau, margarina e cana de açúcar, todos com
direito à isenção do imposto. Sem o acordo, a Venezuela cobra de 15% a 77%
sobre cada item brasileiro.
O presidente da Câmara de Comércio Brasil-Venezuela,
Eduardo Ostreicher, desconfia que a cobrança seja uma ordem do governo
venezuelano em relação aos países do Mercosul ou um erro no sistema de
cobrança. Assim, ele prepara uma carta à embaixada brasileira em Caracas com
informações que já conseguiu possui sobre o assunto.
“Se for uma falha, precisamos aguardar a regularização do
sistema. Se for determinação, será necessário conversar com as autoridades
venezuelanas pra resolver a situação, porque ambos os governos perdem com
isso”, disse.
A Federação das Indústrias do Estado de Roraima (Fier)
iniciou apurações internas para identificar as dificuldades para a aceitação,
pela Venezuela, dos certificados de origem de produtos brasileiros.
Em nota, a entidade também reforçou que está em contato
direto com autoridades brasileiras e venezuelanas para cobrar esclarecimentos e
soluções rápidas para normalizar o fluxo comercial bilateral.
A Fier ainda destacou que, até o momento, os processos de
emissão e reconhecimento dos certificados seguem rigorosamente as normas da
Associação Latino-Americana de Integração (Aladi) e o Acordo de Complementação
Econômica firmado entre os dois países.
Responsável por emitir os certificados de origem, o
Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) confirmou
que recebeu um relatório sobre dificuldades enfrentadas por exportadores
brasileiros na Venezuela.
Assim, a pasta confirmou que a embaixada brasileira em
Caracas já está em contato com autoridades venezuelanas para esclarecer a
situação, enquanto o MDIC dialoga com representantes do setor produtivo para
reunir informações mais desenvolvidas sobre os casos.
Folha BV
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