Olho D'água do Borges/RN -

Meteorologia vê sinais de repetição do El Niño em 2016

A grande probabilidade do fenômeno El Niño estar atuante  no início de 2016, segundo apontam os principais centros de previsão climática do país, é um indicativo de mais um ano de seca para o semiárido do Nordeste. Embora ainda seja prematuro transformar essa informação numa previsão oficial para o próximo período de chuvas na região, meteorologistas da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) se mostram muito preocupados com a possibilidade de outro inverno fraco, sobretudo pelo fato da população estar enfrentando o quarto ano consecutivo de estiagem.


Em 2015, o Ceará e o sertão do Rio Grande do Norte, assim como toda a parte norte da região Nordeste, sofreram influência negativa do El Niño. Entre fevereiro e maio deste ano, as chuvas ficaram concentradas principalmente na faixa litorânea, com índices bastante baixos no interior. Além disso, as precipitações dessa quadra chuvosa cessaram antes do tempo, com o distanciamento da Zona de Convergência Intertropical já no início de maio. 


Mais um ano de precipitações irregulares, como foi 2015, terá um impacto bastante negativo em diversos setores. Preocupação maior é com a recarga dos açudes, cujo nível só tem diminuído, em decorrência dos quatro anos consecutivos de seca. 


“Com uma forte probabilidade do El Niño perdurar até o ano que vem, a previsão é de um inverno abaixo da média histórica. Embora ainda faltem seis meses para 2016, esse alerta é importante para o planejamento”, diz o meteorologista David Ferran, da Funceme, acrescentando que o El Niño é um fenômeno com razoável previsibilidade de médio prazo. 

Também meteorologista da Funceme, Raul Fritz informa que neste momento há indicativos de cerca de 80% de chance de atuação do El Niño no ano que vem. No entanto, ele observa que é cedo para emitir qualquer prognóstico sobre a quadra chuvosa do próximo ano, uma vez que ainda é necessário analisar a dinâmica de temperaturas do Atlântico Tropical.

Discordância
O meteorologista-chefe da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), Gilmar Bistrot, entende a preocupação dos meteorologistas da Funceme em relação ao Ceará, onde a situação chega a ser ainda pior do que no RN, porém observa que o El Niño está numa condição de enfraquecimento.  
  
“Ele já atingiu seu máximo e está começando a declinar. Eu diria que em novembro ou dezembro nós teríamos já uma situação de normalidade no Oceano Pacífico. E quando analisamos outros aspectos, como a atividade solar, observamos que ela também já atingiu seu máximo em 2014 e 2015, começando a apresentar uma diminuição. Quando isso acontece, a projeção é de aumento de chuva aqui  para o Nordeste”, diz Bistrot.

“A Funcene faz isso para dizer: Olha, nós estamos numa condição crítica. Se esse quadro do Pacífico continuar presente em 2016, teremos pouco retorno de água de chuva e 2016 e 2017 serão piores que 2015. Eles têm que fazer essa projeção aí pra começar a buscar alternativas de abastecimento, ou poderão ter um quadro sinistro. Diferente de Natal, Fortaleza não tem as chuvas do Leste, entre junho e julho; tem somente as do período entre fevereiro e maio, que foram comprometidas pelo fenômeno El Niño”, diz Bistrot, que opta pela cautela antes de fazer qualquer previsão.



“Para o ano que vem, só  arrisco a fazer uma previsão a partir de setembro, quando se tem uma situação estabelecida do fenômeno El Niño. Por enquanto, ele está oscilando muito, assim como no ano passado”. 

0 comentários:

Postar um comentário

 
Copyright © 2010-2013 Blog do Gilberto Dias | Todos os direitos reservados.
Desenvolvimento » RONNYdesing | ronnykliver@live.com - (84)9666-7179