A Comissão Parlamentar Inquérito que investiga contratos
do Governo do Rio Grande do Norte na pandemia da covid-19 teve mais uma reunião
na tarde desta quarta-feira (8). Os parlamentares ouviram testemunhas sobre a
contratação de uma empresa do Piauí para realizar levantamento no estado acerca
da pandemia. A maior dúvida era sobre a forma como a empresa vencedora foi
escolhida.
O primeiro a ser ouvido na sessão da CPI da Covid foi
Fernando Aguiar de Figueiredo, presidente da Associação dos Institutos de Pesquisa
do Rio Grande do Norte (Assinp). A entidade havia emitido uma nota à imprensa
criticando o fato dos institutos de pesquisa do estado não terem sido
convidados para a disputa pelo contrato superior a R$ 1 milhão. Questionado
pelo presidente da CPI, deputado Kelps Lima (Solidariedade), pelo relator,
deputado Francisco do PT, e pelos membros Gustavo Carvalho (PSDB), George
Soares (PL) e Getúlio Rêgo (DEM), o representante dos institutos confirmou o
conteúdo da nota e reafirmou que não houve o convite.
No depoimento, Fernando Aguiar explicou a atuação das
maiores empresas de pesquisa no estado e, questionado pelos parlamentares sobre
os valores do contrato, ele disse que não tinha como mensurar se o valor estava
dentro dos padrões aceitáveis porque não soube qual o conteúdo do levantamento.
Porém, ele disse que seu instituto nunca fez uma pesquisa para receber um valor
tão alto.
Também na sessão, os deputados ouviram Daniele Nascimento
dos Santos, assistente técnica da SESAP, e Neuma Lucia de Oliveira, ex-coordenadora
de Promoção à Saúde da SESAP. As duas responderam questionamentos sobre como
ocorreu a indicação da empresa e explicaram que havia dificuldades de encontrar
empresas que tivessem experiência na realização de “inquéritos sorológicos”,
que foi a nomenclatura dada ao levantamento durante a pandemia. Nos
procedimentos, as pessoas que realizavam a pesquisa faziam testagens junto à
população.
“Era um serviço novo e tínhamos informação de que somente
essa empresa no Piauí e o Ibope tinham experiência de trabalho já na pandemia.
Encaminhamos e-mails a instituições e universidades para que encaminhassem
propostas”, disse Daniele Nascimento, ressaltando que havia a divulgação no
site da Sesap para que empresas interessadas participassem da disputa pelo contrato.
“Buscamos possíveis empresas, ouvimos sugestões e tentamos atender à demanda
pelo serviço”, disse Neuma Lúcia, que afirmou não lembrar como chegaram ao nome
da empresa do Piauí.
Na avaliação do presidente da CPI, Kelps Lima, a
indicação da empresa levanta suspeitas pelo contrato pelo fato de que outras
possíveis interessadas sequer foram contatadas. Por outro lado, o relator,
Francisco do PT, acredita que a contratação ocorreu dentro da normalidade.
“Vamos em busca de mais informações sobre esse caso e
pedir informações a outros estados que fizeram o mesmo levantamento, o
inquérito sorológico. Precisamos saber porque o Estado não foi em busca de
outras empresas para fazer o trabalho”, disse Kelps Lima. “É preciso que
observemos o que está sendo trazido e tenhamos a responsabilidade de não fazer
pré-julgamentos”, disse Francisco do PT.
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