A boiada segue passando na Câmara dos Deputados. Os parlamentares começaram a debater no plenário nesta quinta-feira, 2 de setembro, o Projeto de Lei Complementar (PLP) 112/21, que institui um novo Código Eleitoral, com mais de 900 artigos e quase 400 páginas, e que pretende impor diversas mudanças já a partir das eleições de 2022.
O plano é de que o texto seja votado e aprovado na próxima semana. A maior parte desses artigos consolida em leis resoluções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de forma a garantir mais segurança jurídica ao processo eleitoral. O diabo, como sempre, mora nos detalhes.
O texto carrega mudanças controversas, como uma quarentena
de cinco anos após deixarem os cargos para policiais, militares, procuradores e
juízes se candidatarem, ou a proibição da divulgação de pesquisas eleitorais na
véspera e no dia da eleição. Mas a principal crítica entre analistas e
parlamentares é a pressa do Parlamento para aprovar mudanças tão importantes.
Nenhuma eleição no Brasil é igual a outra desde 1988. A cada quatro anos o Congresso Nacional aprova alterações para os pleitos seguintes. A última ocorreu em 2017, quando os parlamentares acabaram com as coligações proporcionais e instituíram uma cláusula de barreira com o objetivo de enxugar o quadro partidário.
Fruto de longos debates na sociedade civil, na imprensa e no próprio Congresso, essas mudanças constantes não são necessariamente ruins, porque podem significar evoluções e um amadurecimento do sistema eleitoral.
O problema é que, agora, num contexto de pandemia de coronavírus e com sessões sendo realizadas por videoconferência, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), vem imprimindo um ritmo de urgência a pautas delicadas, sem passar muitas vezes por comissões ou debates mais amplos.
No
início de agosto, um Projeto de Emenda Constitucional (PEC) voltou a implementar as coligações proporcionais para as
eleições de 2022 quatro anos depois da mesma Câmara derrubá-las —como o fim
delas só começaria a valer a partir do ano que vem, não deu tempo de o país
sequer avaliar os resultados da mudança. O presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (DEM-MG), já disse que não pretende pautar a alteração.
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