A escolha do Brasil como sede da Copa América deste ano
pegou a todos de surpresa porque país sediou a última edição da competição, em
2019. Com a nova definição, passou-se a discutir
quais estados poderiam receber os jogos, principalmente pelos números da
pandemia no país: 461.931 mortos e 16.515.120 pessoas infectadas.
A sede da Copa América deste
ano foi transferida às pressas depois que Argentina e Colômbia, que seriam os
países-sede do evento, desistiram por conta da pandemia de Covid.
No Brasil, alguns estados já disseram que não
aceitarão receber os jogos, por exemplo, Pernambuco e Rio
Grande do Norte, que foram sede na Copa
do Mundo de 2014.
E, mesmo com Jair Bolsonaro defendendo
a reabertura dos comércios e a retomada da vida pré-pandemia, não há como a
União obrigar qualquer uma das 27 unidades federativas a receber as partidas,
segundo especialistas em Direito Constitucional consultados por O Antagonista.
Belisário dos Santos Júnior, ex-secretário estadual
de Justiça de São Paulo, afirmou que os “estados
não poderão ser obrigados a mudar suas regras relativas a isolamento social e
formas de conviver com a pandemia por conta da Copa América”.
E complementou: “Em primeiro lugar a saúde e
depois outras coisas. A saúde tem preferência. Os estádios que pertençam às unidades
da federação não podem ser requisitados por motivo de futebol.”
Para o advogado Rafael Zinato, é preciso levar em
consideração “a autonomia dos entes da Federação” e
o julgamento do STF que reconheceu a competência concorrente, com a União, de
estados e municípios para definir medidas e enfrentamento à pandemia.
“A realização dos jogos
dependerá da anuência de todos os entes da federação envolvidos, que deverão,
conjuntamente, anuir com a sua realização e traçar um plano de ação conjunto
para mitigação dos riscos sanitários e agravamento da pandemia.”
O também constitucionalista Adib Abdouni disse
que faltam a Jair Bolsonaro poderes para tal ato. O advogado
classifica as manifestações do presidente contra o isolamento social e em prol
da economia como “bravatas qualificadas por um
comportamento negacionista e ideologizado, em total dissonância com a gravidade
do atual panorama de recrudescimento da pandemia do novo coronavírus que afeta a população brasileira”.
O advogado afirmou ainda que a recepção do evento
esportivo pelo Brasil parece ignorar a aproximação de uma terceira onda da
doença. “E isso não pode ser ignorado.”
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