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Bactéria infecciona pacientes em leitos de UTI do Hospital Regional Tarcísio Maia


Entrar num leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e piorar é a exceção, não a regra nos hospitais. No Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), contudo, tal processo se inverteu: virou uma regalia conseguir sair melhor, ou mesmo com vida de lá.

Relatos de familiares de pacientes internados na unidade denunciam uma situação de caos. Além do grave desabastecimento – pelo que se constata, persistente –, o setor de UTI estaria com uma bactéria, que contaminou diversas pessoas internadas. “Minha mãe entrou aqui com uma infecção no pé e agora está inconsciente”, conta aos prantos a empresária Maria Dantas. Mossoroense de nascimento, ela deixou a Espanha, onde mora, para voltar ao Rio Grande do Norte e acompanhar o caso da mãe. “Quando ela entrou aqui antes de ontem, na segunda-feira, dia 9, ela estava falando, agora nem falando está mais. Hoje todo mundo piorou, estamos todos apavorados”.

Sem alternativa, familiares se veem obrigados a comprar medicamentos que chegam a custar R$ 3,5 mil. De acordo com os relatos, entre terça e quarta-feira, praticamente todos os pacientes na UTI tiveram seu caso agravado. Para muitos, médicos e enfermeiros teriam explicado que a piora ocorreu justamente pelo contágio advindo da bactéria.

Leidijane Gomes Fernandes acompanha o caso do irmão Fabrício Gleston Fernandes, internado há quase um mês no HRTM. Ele sofreu um acidente de moto; teve traumatismo craniano e fratura exposta na perna esquerda. Segundo conta Leidijane, Fabrício melhorava paulatinamente. Foi, contudo, infeccionado enquanto estava internado. Para piorar, os tubos por onde ele urinava entupiram numa noite e, sem enfermeiros suficientes para vistoriar os pacientes, o caso não foi notado até o outro dia. Ele passou a madrugada impossibilitado de satisfazer suas necessidades biológicas. Adquiriu outra infecção e agora está inconsciente.

“Antes de ontem, ele estava bem. Mas, além da falta de remédio, de profissionais e da bactéria, a comida é inapropriada”, denuncia. Muitos dizem ter procurado o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN). A Promotoria da Saúde teria afirmado receber denúncias com esse teor diariamente. Uma equipe seria enviada para investigar o problema.

No próprio HRTM, o JORNAL DE FATO procurou os diretores, sem sucesso. Atendentes disseram que eles só prestariam informações por intermédio da assessoria de imprensa. Os familiares dos pacientes de UTI dizem ter falado com a chefe do departamento administrativo e financeiro da unidade, Lúcia Bessa Silveira. Ela teria dito que o Governo do Estado teria disponibilizado recursos.

No entanto, teria justificado que a aquisição de equipamentos pelo poder público é um processo burocrático, é preciso registrar, realizar licitações etc. Enquanto as soluções não chegam, familiares se desesperam em busca de soluções.

“O médico me disse que de 100 pacientes que entram na UTI do Tarcísio Maia, 70 não voltam para casa”, afirmou a parente  de um paciente. Ela preferiu não se identificar.

A nova diretoria do hospital tomou posse há pouco mais de 20 dias. Em coletiva de imprensa para se apresentarem, em 18 de fevereiro, asseguraram só permanecerem nos cargos caso o problema do desabastecimento fosse resolvido. Tal situação atingia todos os equipamentos estaduais de saúde nos primeiros meses deste ano.

Fonte: Jornal de Fato


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