A visita do ex-prefeito de Natal, Álvaro Dias (Republicanos), ao prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (UB), foi politicamente ótima para o anfitrião, e desastrosa para o visitante. Ao procurar Allyson, Álvaro inverteu a lógica da força política e se colocou na posição de quem precisa mais do que é necessário. Allyson percebeu rapidamente a oportunidade e tratou de capitalizar.
Assim que soube da intenção de Álvaro em visitá-lo, Allyson ligou para o jornalista Gustavo Negreiros para divulgar o encontro. Blogs alinhados ao Palácio da Resistência logo trataram o gesto como uma deferência do ex-prefeito natalense ao projeto liderado por Allyson e pela senadora Zenaide Maia (PSD). O recado é que Álvaro estaria se colocando à disposição.
A narrativa tomou corpo, e logo surgiram especulações sobre a formação de uma chapa com Allyson ao governo, Zenaide ao Senado e Álvaro como possível vice ou segundo nome ao Senado. A "chapa dos sonhos", costurada por forças políticas com base em Mossoró, Natal e Seridó, começou a circular. Isso bastou para deixar Álvaro em saia justa.
Sem demora, o ex-prefeito de Natal foi à imprensa desmentir qualquer acordo. Disse que continua pré-candidato ao governo, que não cogita ser vice de ninguém e que segue aliado a Rogério Marinho, Paulinho Freire e Styvenson Valentim, trio que, até aqui, tem dificuldade de estabelecer pontes com Allyson.
O estrago, porém, já estava feito. Álvaro foi recebido, mas usado. Sua imagem foi absorvida como apoio tático e o episódio passou a impressão de um político sem rumo, à procura de espaço e sem narrativa clara. Para quem sonha com o Governo do RN, o gesto foi fraco. Para Allyson, um presente.
Ismael Souza
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