As cervejas comercializadas no Brasil, sejam nacionais ou
importadas, deverão informar em seus rótulos especificações sobre os
ingredientes utilizados durante a fabricação, de maneira mais clara. A norma
está prevista em instrução normativa do Mapa - Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento - e foi publicada no DOU (Diário Oficial da União) em
16 de novembro de 2018.
As empresas terão até um ano para adotar as novas regras
previstas pelo Mapa (especificamente até 06 de novembro de 2019). A norma deixa
clara a "obrigatoriedade de constar, de modo claro, preciso e ostensivo,
na rotulagem de cervejas, as informações que indiquem os ingredientes que
compõem o produto, substituindo as expressões genéricas 'cereais não maltados
ou maltados' pela especificação dos nomes dos cereais e matérias-primas
efetivamente utilizados como adjunto cervejeiro", foi o que informou o
Ministério.
Na prática, o rótulo deverá constar de informações que
explicitem se a cerveja foi feita a partir de trigo, arroz, milho, triticale,
aveia, sorgo ou centeio. A portaria também prevê, além disso, que os açúcares
acrescentados durante a fabricação da cerveja sejam adicionados, com
nomenclatura correta, acrescida do nome da espécie vegetal de origem (como é o
caso do açúcar de cana, por exemplo).
Segundo a presidência da Abracerva (Associação Brasileira de Cerveja
Artesanal), os itens considerados não maltados são largamente utilizados por
empresas multinacionais produtoras de cerveja. Isso ocorre porque sua
utilização permite aumentar a produção, ainda que se percam características
sensoriais do produto.
O problema é que essa perda de qualidade não ficava clara
para o consumidor, já que é utilizada uma denominação que encobre o uso desses
ingredientes. A Abracerva acredita que a nova norma traz mais transparência ao
consumidor, já que agora ele saberá exatamente o que está consumindo.
A iniciativa serve de impulso para o ramo de cervejas
artesanais e independentes, que já apresenta crescimento acentuado no Brasil.
Até setembro de 2018, mais de 150 novas fábricas surgiram no país, o que
significa um aumento de 23% em relação a dezembro do ano passado.
Hoje, 835 cervejarias operam aqui e os produtores afirmam
trabalhar com produtos que possuam maior valor agregado, já que o processo de
fabricação emprega pessoas que se dedicam à qualidade sensorial do produto que
chegará às prateleiras. Com a nova norma, o consumidor poderá perceber a real
diferença entre os segmentos.
Fonte: Terra.com