O tigre de papel que ocupa
a Presidência da República garganteou
por dias que já teria sobre a mesa um decreto contra medidas restritivas para
atropelar governadores e prefeitos. Disse que o texto deveria ser cumprido à
risca, pois replicaria o artigo 5º da Constituição.
Em coro, o ministro da Defesa, Braga Netto, ao celebrar
a participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial, afirmou que “a cobra fumou e, se necessário, fumará
novamente”.
Na cabeça oca de ambos, passa a ideia de que as Forças
Armadas poderiam ser acionadas para fazer cumprir o tal decreto, ou seja, “a
Constituição“, mas se trata apenas da interpretação pessoal de
Bolsonaro sobre a Carta Magna.
É preciso repetir aos
desavisados – e desinformados – que a última palavra sobre o texto constitucional
é do Supremo, que reiterou a autonomia de estados e municípios
no enfrentamento de emergências sanitárias — não desobrigando, ressalta-se, o
governo federal de suas responsabilidades.
Os ministros concordaram sobre a necessidade de impor
restrições ao direito de locomoção, previsto no citado artigo, em vista
de assegurar o bem mais importante de todos: a vida.
Além de inócuo, portanto, o decreto de Bolsonaro seria
autoritário e ofensivo: autoritário, pois pregaria a tese de que cabe ao
presidente da República interpretar a Constituição; e ofensivo, pois
desrespeitaria decisão do próprio STF e o Judiciário em si.
Geraria insegurança jurídica, provocaria uma confusão na
cabeça dos cidadãos e reforçaria o contexto
de investigação da CPI da Covid. O decreto, por fim, forneceria
a prova definitiva de que o presidente despreza os protocolos científicos e
promove o morticínio ao expor, deliberadamente, a população ao coronavírus.
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