Após as revelações feitas neste domingo pelo deputado
João Maia, detalhando o que está sendo acertado entre o MDB e a federação
formada por União Brasil e PP, diversas questões passaram a dominar o
noticiário político sobre as consequências do novo acordo que está sendo
selado.
Conforme o blog já havia noticiado, de fato Walter Alves
estava decidido a não assumir o Governo. Essa sempre foi a verdade. Ainda
assim, havia uma última tentativa do PT de construir um novo entendimento com
Waltinho para impedir que a oposição assumisse o Governo em uma eventual
eleição indireta para um mandato tampão de nove meses.
O fato concreto é que o MDB não quer mais conversa com o
PT e caminha para dar adeus à aliança com a governadora Fátima Bezerra.
A pergunta que passou a circular nos bastidores é
inevitável: quem traiu quem?
Waltinho promoveu uma verdadeira virada de mesa após
afirmar publicamente que as finanças do Estado estavam tão comprometidas que
assumir o Governo seria como herdar uma bomba fiscal. Com a confirmação de sua
candidatura a deputado estadual e da aliança com Allyson Bezerra, a leitura que
os petistas fazem é de que o argumento da bomba fiscal teria servido apenas
como justificativa.
Petistas com quem conversei avaliam que Waltinho comete
um grave ato de deslealdade. Principalmente porque está prestes a fechar
aliança com um outro palanque que pedirá votos para derrotar um governo do qual
ele próprio fez parte durante três anos.
Do outro lado, Waltinho e seus aliados sustentam que o PT
não teria motivos para reclamação. Na avaliação do MDB, o partido garantiu ao
governo a governabilidade que ele não possuía, sendo decisivo para aprovar, na
Assembleia Legislativa, medidas consideradas vitais para o Estado, como o
aumento do ICMS para 20%. O sentimento interno é de que o MDB entregou muito e
recebeu pouco em troca.
Como o blog já noticiou anteriormente, a decisão do PT é
de que a governadora Fátima Bezerra irá renunciar de qualquer forma, mesmo que
Waltinho não assuma e mesmo diante da possibilidade de o partido perder o
comando do Estado.
O discurso que passa a ser adotado pelos petistas, diante
dessa nova realidade, é o de que o partido já enfrentou adversidades maiores e
que é justamente nos momentos de dificuldade que o PT cresce. A prioridade
absoluta da legenda é eleger Fátima Bezerra para o Senado.
Mas o clima tende a esquentar.
O partido pretende exigir do vice uma definição pública.
Pessoas próximas à governadora relatam que o sentimento predominante é de
deslealdade, já que Waltinho não apenas estaria mudando de lado, mas também se
recusando a tomar uma posição oficial, deixando o jogo indefinido.
A expectativa é de que ainda nesta semana o PT tente
forçar uma decisão. Não deverá ser aceita a justificativa apresentada por
Walter de que ainda há tempo para decidir e que não existe obrigação de
anunciar nada agora.
É possível, inclusive, que Fátima convoque Waltinho para
uma conversa formal, uma cobrança direta, com exigência clara de
posicionamento.
A semana promete.
Neto Queiroz
