Há muitos formadores de opinião publicando em suas redes sociais que estariam em curso conversas entre o MDB, liderado por Walter Alves e Ezequiel Ferreira, e o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra.
Pegando carona na fala de “Waltinho”, quando afirmou preferir ocupar o centro — justamente o espaço onde Allyson se posiciona neste processo eleitoral — a leitura feita foi a de que ali existiria um sinalizador ao prefeito mossoroense. Segundo o que corre na boca grande, os dois já estariam se articulando.
O que apurei com minhas fontes, no entanto, é que não houve qualquer conversa entre eles. Nem sequer um agendamento até agora. Sem embarcar em especulações, mas atento à realidade, é preciso observar que há muitos obstáculos pelo caminho.
Allyson foi claro: para uma eventual aliança com o MDB, seria necessário que o partido se colocasse em oposição ao atual governo estadual. Isso representaria uma guinada radical, com Waltinho e Ezequiel mudando de discurso e indo para a oposição de um governo do qual fizeram parte de forma intensa.
E o que o MDB exigiria em troca de um apoio a Allyson? A vice, a segunda vaga ao Senado e a presidência da Assembleia Legislativa, avalia a maioria dos analistas. Ocorre que tudo isso o MDB já possui na aliança com o PT. Nesse caso, a mudança se daria apenas pela perspectiva de vitória eleitoral.
Na questão da vice, há uma pedra de mil toneladas no caminho chamada João Maia. O acordo entre PP e União Brasil estabelece que o PP indica o vice. E, neste caso específico, não se trata de uma simples indicação, mas da definição de Shirley Targino, esposa de João Maia, em um projeto desenhado há meses, com régua e compasso. João não abrirá mão disso para favorecer a entrada do MDB.
Há ainda outro obstáculo relevante. Waltinho teria de se contorcer politicamente para subir em um palanque de oposição a um governo do qual fez parte e, sobretudo, ao presidente Lula, amigo pessoal de seu pai.
Como se vê, não se trata apenas de vontade política. Há muita coisa em jogo.
Neto Queiroz