A permanência prolongada de macas das ambulâncias nos
corredores do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel está provocando um colapso
silencioso no atendimento pré-hospitalar no Rio Grande do Norte. O alerta foi
feito nesta terça-feira (29), durante audiência da Comissão de Saúde da
Assembleia Legislativa, que discutiu um projeto de lei que busca proibir a
retenção desses equipamentos.
Segundo Luiz Roberto Leite Fonseca, coordenador geral do
Samu Natal, o impacto direto é sentido nas ruas, onde ambulâncias ficam
impedidas de circular por estarem retidas no hospital à espera de liberação das
macas. “Trabalhamos com um número limitado de ambulâncias e uma demanda
crescente. Quando uma unidade fica parada por horas, outras chamadas urgentes
ficam sem resposta. Isso custa vidas”, afirmou.
O diretor do Hospital Walfredo Gurgel, Geraldo Neto,
reforçou que a superlotação da unidade está ligada à falta de estrutura em
outras partes da rede de saúde. “É preciso qualificar e usar melhor os leitos
municipais. Muitos deles estão subutilizados. Além disso, cerca de 70% dos
nossos atendimentos de urgência vêm de acidentes de moto no interior,
principalmente envolvendo pessoas sem capacete”, apontou.
O problema motivou o debate do Projeto de Lei nº 31/2023,
que tramita na Assembleia Legislativa. A proposta é de autoria do deputado
Ubaldo Fernandes (PSDB) e busca proibir a retenção de macas das ambulâncias do
Samu, Corpo de Bombeiros e demais serviços de atendimento móvel, tanto públicos
quanto privados.
A audiência contou com a participação de representantes
do Samu RN, da Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) e da Secretaria Municipal
de Saúde de Natal, além de parlamentares que integram a Comissão.
O deputado Dr. Kerginaldo (PL) afirmou que a pauta exige
urgência: “Estamos falando de vidas. Isso não é um problema logístico, é um
problema de sobrevivência”. Já o deputado Dr. Bernardo (PSDB) defendeu
investimentos em UPAs e hospitais regionais como forma de aliviar a pressão
sobre o Walfredo.
Autor do projeto, Ubaldo Fernandes destacou que a
iniciativa responde diretamente à realidade enfrentada por famílias que perdem
entes queridos por falta de socorro. “Não podemos normalizar a retenção de
macas. É preciso garantir fluxo para salvar vidas”, declarou.
Ao final da reunião o secretário estadual de Saúde,
Alexandre Mota disse que não existe uma solução isolada e que é preciso
integração dos serviços de saúde e de articulação entre Estado e municípios.
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