A gestão da governadora Fátima Bezerra (PT) esticou para
2022 a meta de equilibrar as contas públicas do Rio Grande do Norte. Consta no
projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) protocolado pelo governo na Assembleia
Legislativa no início desta semana, com o DNA de Aldemir Freire, o titular do
Planejamento e Finanças.
O documento, que estima receita e fixa a despesa do
Estado para o próximo exercício financeiro, crava uma previsão de déficit em
2021 de R$ 920 milhões, mais do que o dobro dos R$ 450 milhões previsto no
orçamento 2020.
Aldemir Freire, em fala oficial, diz que as previsões
negativas são “melhores” do que as previstas no início da pandemia do novo
coronavírus e ressalta que as previsões de déficit em 2020 e 2021 são
inferiores ao recebido da gestão do ex-governador Robinson Faria (PSD),
estimado em R$ 1,87 bilhão em 2019.
Beleza.
Mas, tirando o desconto da pandemia, o que o governo
Fátima fez mesmo nesses 21 meses de gestão para recuperar a saúde
fiscal/financeira do RN?
Jogar a conta no colo da pandemia é a mesma coisa de não
assumir a responsabilidade do dever de casa não realizado. A gestão Fátima fez
pouco ou quase nada para tirar o estado do buraco em que se encontra. Ela pegou
uma máquina pesada, cheia de vícios, e continua com a mesma máquina, que
aumenta o “rombo” das contas públicas todos os meses.
O governo deveria ter feito a reforma da previdência
estadual em 2019. Não o fez para sustentar as críticas ao governo Bolsonaro que
estava reformando a previdência federal naquele momento. Só agora, em 2020, é
que a governadora mandou a proposta para a Assembleia Legislativa, com a
intenção clara de aprová-la a toque de caixa. Não conseguiu. Por gravidade, o
“rombo” vai aumentando.
A gestão Fátima também se negou a cortar o grande número
de cargos comissionados e de terceirizados (são mais de 11 mil) e fez
distribuição da máquina entre companheiros de sempre e amigos da hora. É claro
que a conta iria aumentar, como de fato aumentou.
O que chama a atenção, e isso o governo procura esconder,
é que o primeiro ano de gestão bateu recordes de arrecadação extra. O RN
recebeu recursos da cessão onerosa do pré-sal, da venda antecipada de royalties
de petróleo e gás e da venda da conta-salário dos servidores a uma instituição
bancária. Os recursos extras também estão “bombando” em 2020, com
transferências feitas pelo Governo Federal em razão da pandemia. O socorro
financeiro colocou na conta do Governo do RN quase R$ 600 milhões extras, sem
contabilizar os recursos enviados pelo Ministério da Saúde.
Pois bem.
A fala de Aldemir Freire se agarrando na pandemia da
Covid-19 para justificar o fracasso do governo em não promover a recuperação
fiscal do Estado é o atestado da incompetência. Mais do que isso, tira do
cidadão potiguar o mínimo de confiança e/ou esperança de que a gestão Fátima
Bezerra conseguirá, em seu último ano de mandato, equilibrar as contas públicas
do Rio Grande do Norte.
Pior para o cidadão que vai continuar sofrendo com os
serviços públicos sucateados; pior para o servidor público que vai continuar
com os salários atrasados; pior para o RN que vai continuar parado no tempo.
Fonte: Cesar Santos
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