Olho D'água do Borges/RN -

Rompendo o ciclo do fracasso: educação do RN não pode mais esperar

 

Estamos condenando mais uma geração de potiguares à perda de futuro. No Rio Grande do Norte, o analfabetismo e os baixos índices de aprendizagem revelam uma crise profunda que exige ação imediata.

Conforme dados recentes do Censo 2022, o Estado tem uma taxa de analfabetismo que gira em torno de 13,9% entre a população com 15 anos ou mais, o que representa mais de 366 mil pessoas.

Rompendo o ciclo do fracasso - Foto: José Aldenir / Agora RN

Ainda mais alarmante: segundo levantamento do Ministério da Educação (MEC) para o programa Criança Alfabetizada, no Rio Grande do Norte apenas 39,3% das crianças concluíram o 2º ano do ensino fundamental alfabetizadas em 2024 — bem abaixo da média nacional de 59,2%. Dados da rede pública.

Esses índices evidenciam que o Estado não está apenas ficando para trás — ele está enterrando o futuro de seus jovens.

É inconcebível que, em pleno século XXI, uma parcela expressiva da população adulta permaneça sem saber ler e escrever — e que crianças que deveriam sair da escola dominando leitura, escrita e cálculo elementar não atinjam o nível esperado. O resultado desse abandono será um mercado de trabalho estagnado, desigualdades reforçadas, cidadania subtraída. A responsabilidade, porém, não pode recair apenas sobre a rede escolar: municípios, Estado e União têm deveres que precisam convergir. Enquanto houver “jogo de empurra”, o RN continuará preso à rota atual da educação.

Há caminhos que provam ser possível recuperar esses índices. Outros estados, ao reconhecerem o problema e agirem com política pública guiada por dados, infraestrutura adequada e currículos modernizados, conseguiram evoluir. Alguns estados, como o Ceará, embora ainda enfrentem desafios, apresentaram avanço significativo num passado recente.

Estudos mostram que investir em aprendizagem recuperativa, reforço de matemática e português, e tempo-integral escolar faz diferença.

O Rio Grande do Norte precisa virar essa chave urgentemente.

É imprescindível que o Estado adeque suas estruturas curriculares àquilo que se faz de melhor: redimensionar conteúdos para alfabetização real até o 2º ano, estabelecer metas rigorosas de aprendizagem nos anos iniciais e finais, investir em infraestrutura escolar — laboratórios, bibliotecas, salas em bom estado, internet — e formar professores e gestores para um ensino voltado à efetiva aprendizagem, não apenas à mera permanência. A escolarização deve se dar com qualidade, e a aprendizagem precisa ser comprovada, medida, acompanhada.

Além disso, é preciso dar transparência a esses dados, com relatórios periódicos, para que a sociedade acompanhe a perseguição da meta.

Além disso, a educação pública do RN exige plano integrado que envolva todos os entes federativos. Não adianta cobrar apenas um bom ensino médio na rede estadual se os alunos vierem do fundamental (competência dos municípios) sem saber o básico.

Também é preciso entender que a educação não se resume só à sala de aula. É preciso garantir transporte, alimentação, condições de acesso. São necessárias, ainda, políticas de ensino médio, profissionalização e infraestrutura. Se o esforço for fragmentado, disperso e sem responsabilização, os resultados continuarão pífios.

A cada ano que passa sem virada, mais crianças e adolescentes saem da escola com defasagem, mais jovens adultos entram na vida sem escolaridade mínima e mais a economia do Rio Grande do Norte sente o efeito: menor produtividade, menor atração de investimentos, maior dependência social. Essa é a rota que estamos seguindo — e é uma rota que podemos mudar.

Se o RN quiser de fato colocar a educação no centro de seu projeto de desenvolvimento, ele precisa assumir o compromisso de que aprender virá antes de simplesmente estar matriculado. Medir resultados, agir com precisão, priorizar educação como política de Estado — não de governo. Caso contrário, continuaremos condenando ao fracasso os que menos têm e ao desperdício o futuro comum.

O momento é agora. O Rio Grande do Norte não pode se dar ao luxo de esperar mais uma geração.

Agora RN 

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