A revista britânica The Economist publicou uma dura
análise sobre o momento político vivido pelo presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), tanto no cenário internacional quanto dentro do próprio Brasil.
Segundo o texto, Lula está “perdendo influência
no exterior” e enfrenta crescente impopularidade no país, sendo
acusado de conduzir uma política externa que torna o Brasil “mais
hostil ao Ocidente”.
Entre os principais pontos abordados, a publicação
critica a postura do governo brasileiro frente ao recente conflito envolvendo
Estados Unidos, Israel e Irã.
Após os ataques americanos a instalações nucleares
iranianas, o Ministério das Relações Exteriores divulgou nota condenando os
ataques a instalações nucleares iranianas. O Brasil classificou a ofensiva
americana como “violação da soberania do Irã e do direito
internacional”.
A Economist classificou a posição como “agressiva” e
destoante da de outras democracias ocidentais. A revista sugere que esse
posicionamento reforça o afastamento do Brasil em relação ao Ocidente e pode se
intensificar com a aproximação da cúpula do BRICS, marcada para os dias 6 e 7
de julho, no Rio de Janeiro, que contará com delegação iraniana.
“Originalmente, ser um membro ofereceu ao Brasil uma
plataforma para exercer influência global. Agora, faz o Brasil parecer cada vez
mais hostil ao Ocidente”, diz um dos trechos da matéria.
A crítica também se estende à ausência de esforços por
parte de Lula para se aproximar dos Estados Unidos desde que Donald Trump
reassumiu a presidência americana, em janeiro de 2025.
O texto ressalta que os dois líderes jamais se
encontraram e que o presidente brasileiro tem preferido manter relações
estreitas com os chefes de Estado da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir
Putin.
O Brasil é hoje a maior economia cujo chefe de Estado não
teve reunião oficial com o líder americano.
A fragilidade no plano internacional, segundo a revista,
é reflexo da situação política interna. Com aprovação pessoal em torno de 40%,
o menor índice em seus três mandatos, Lula sofre com o avanço da direita e a
crescente impopularidade do PT.
A matéria ainda destaca a recente derrota sofrida por
Lula no Congresso, que rejeitou um decreto do Executivo que previa aumento do
IOF, algo inédito em mais de três décadas e que evidencia a dificuldade do
governo em obter apoio parlamentar para suas propostas.
Apesar da possibilidade de prisão de Jair Bolsonaro por
uma suposta tentativa de golpe em 2022, a Economist destaca que, caso o
ex-presidente consiga indicar um sucessor e unir as forças até 2026, a direita
terá caminho aberto para retornar ao poder.
“Bolsonaro provavelmente será preso em breve por
supostamente planejar um golpe para permanecer no poder após perder uma eleição
em 2022. Ele ainda não escolheu um sucessor para liderar a direita. Mas se o
fizer e a direita se unir a essa pessoa antes das eleições de 2026, a
presidência será deles”, diz o artigo.
A análise da revista britânica termina com um recado
direto a Lula: “O Brasil, relativamente distante e geopoliticamente
inerte, simplesmente não importa tanto quando se trata de Ucrânia ou Oriente
Médio. Lula deveria parar de fingir que importa e focar nos assuntos internos.”
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