Nesta
última Sexta-feira, dia 8 de Julho de 2001 estive presente no 17º Festival Campeões do Repente, que contou com a
presença dos grandes poetas-cantadores-repentistas Ivanildo Vilanova e Raimundo Caetano, Zé Cardoso e Sílvio
Granjeiro, Zé Viola e Moacir Laurentino, Valdir Teles e João Paraibano,
Hipólito Moura e João Lourenço, e Sebastião Dias e Severino Feitosa, realizado
aqui na cidade de Caicó.
Este
Festival acontece anualmente e este ano foi em homenagem ao grande poeta
caicoense Chico Motta, falecido há poucos dias. Como de costume esses gênios do
repente não decepcionaram. A primeira dupla a se apresentar pela ordem do
sorteio foi Ivanildo Vilanova e Raimundo Caetano. Como que de bandeja, no abrir
do envelope o primeiro tema para os cantadores, a ser desenvolvido em
sextilhas, foi relacionado ao Tempo e sua soberania em relação aos
acontecimentos da existência (não poderia ser melhor não é mesmo?). Quando do
anuncio de Ivanildo e Raimundo, eu cochichei com meu Pai, “Que vê, Ivanildo vai abrir citando logo Chico Motta”. Não deu
outra, com sua sabedoria de costume, ele citou muitos acontecimentos que só o
tempo apagaria de nossas mentes e concluiu chamando a atenção para a ausência
do velho Motta. Ivanildo além de ser um grande poeta, é muito organizado e
coloca os versos oportunamente no momento certo. Certa vez cantando em Frutuoso
Gomes, saudando à cidade, iniciou a peleja:
Cidade que já foi Mumbaça
E que teve vários nomes
Mercado que vendeu anís
Alfinetes e pedras-pomes
Hoje serve poesia
E é Frutuoso Gomes
As
homenagens a Chico foram a tônica da noite, sua ausência sendo citada, salvo
engano, por todos as duplas. Inclusive a abertura do congresso foi feita por
Cícero Nascimento (companheiro de décadas do poeta Chico Motta) e Antonio Silva
cantando sobre o poeta. Nesse sentido, o ponto alto foi a fala de Moacir
Laurentino, marcada pela emoção, seu pai era grande amigo do saudoso poeta. Entre uma dupla e outra, Djalma Motta, seu
filho, recitava algumas de suas belas construções poéticas.
Vários
foram os instantes em que os cantadores inflamaram de êxtase a platéia, com
suas criações instantâneas. E para minha felicidade e de alguns colegas
professores presentes, um desses momentos em que a platéia mais se posicionou
em favor do que cantavam os poetas foi quando Sebastião Dias e Severino Feitosa
desenvolveram sextilhas seguindo o tema “Porque
o professor faz greve”. Os artistas falaram tudo aquilo que se vem
discutindo atualmente sobre educação, baixo salário (a principal mazela de
todas), falta de estrutura em geral, de financiamento para a educação e etc.. O
mais impressionante e confortante para nós professores em greve, repito, foi a adesão
quase total do público àquilo que era colocado pelos cantadores. Isso é
confortante, pois, como sempre deixamos claro nas nossas colocações: a culpa dessa paralisação não é nossa.
Por que as leis são cumpridas por nós do baixo escalão e não o são por aqueles
que foram eleitos para aplicar as leis? É preciso que a sociedade se some nessa
discussão, não só no que se refere à educação, mas de uma forma geral.
Eu sou do povo, eu sou um Zé
ninguém aqui em baixo as leis são diferentes.
Biquíni Cavadão
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