A nova administração repete os erros das gestões
anteriores: é relapsa com a obrigação de tomar decisões duras, preocupada com a
popularidade.
Fátima Bezerra assumiu um Estado quebrado. Ela sabia
disso, é fato. Também sabia que era preciso adotar medidas duras,
antipopulares, para enfrentar o desafio de reequilibrar as finanças públicas.
Essas medidas passam pela privatização de estatais, como Potigás e Caern,
revisão do quadro de pessoal, reforma do sistema previdenciário estadual;
dentre outras providências amargas.
A governadora tem esquivado até aqui. As medidas
encaminhadas à Assembleia Legislativa, com uma ou outra exceção, sugerem a
“economia de bodega” diante de um “rombo” financeiro superior a R$ 4 bilhões,
segundo dados do próprio Governo. O que impressiona é que Fátima Bezerra repete
à exaustão o discurso de que o Governo Federal tem de socorrer o Estado
quebrado, como de fato tem, mas se recusa a fazer a sua parte para receber a
ajuda de Brasília (DF).
Uma postura tão frouxa quanto nociva diante do quadro
assustador. O Governo continua acumulando um déficit de R$ 130 milhões por mês
com a Previdência; arrasta-se sem solução para uma dívida de quase R$ 1 bilhão
com salários atrasados e mantém a máquina ocupada, de alto custo, para atender
políticos, correligionários e a base de apoio na Assembleia Legislativa,
repetindo os seus antecessores.
Isso significa dizer, como resultado de uma matemática
simples, que o primeiro ano do governo Fátima Bezerra aumentará em mais de R$
1,5 bilhão o “rombo” nas contas públicas. Isso só com a previdência estadual. A
conta é simples: multiplique o déficit mensal, que é de R$ 130 milhões, por 12
meses, que você chega a um montante de R$ 1,56 bilhão.
O fato é que a governadora fez opção pelo discurso –
cômodo – populista e do sindicalismo inconsequente, em detrimento do Estado
como um todo. De positivo, apenas o apoio de sindicalistas e sindicatos. Ela
distribuiu cargos e neutralizou o movimento de servidores públicos, tanto que,
mesmo sem ter qualquer previsão de atualizar os salários, quitar quatro folhas
atrasadas, o Governo não sofre pressão das entidades sindicais.
Mas, isso é muito pouco, ou nada, diante do tamanho da
crise que vive o RN. Daqui a pouco acaba a lua de mel, e a população potiguar
vai cobrar nas ruas, sem convocar as entidades sindicais, que até pouco tempo
perturbavam a vida de ex-governadores.
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