Começou a vigorar nesta quarta-feira (6) a tarifa de 50%
sobre produtos brasileiros imposta pelo governo dos Estados Unidos. A medida
teve impacto direto sobre dois dos principais setores exportadores do Rio
Grande do Norte: o salineiro e o pesqueiro. Representantes das indústrias
afirmam que as exportações para o país norte-americano estão suspensas por
tempo indeterminado, até que haja uma solução que viabilize economicamente o
envio de produtos, sobretudo o sal marinho e o atum.
Apesar de uma lista com 694 exceções – que deixou de fora
itens como suco de laranja, celulose e aviões da Embraer – produtos como sal,
carne, café e pescados que forem embarcados a partir desta quarta (6) passarão
a ter a alíquota adicional aplicada.
O RN é responsável por 98% da produção de sal marinho do
Brasil, e os Estados Unidos eram o principal destino de aproximadamente metade
das exportações potiguares. Com o novo tarifário, o setor considera inviável
manter as negociações com o mercado norte-americano. “Com esse tarifaço de 50%,
ele vale mais como um embargo. Nós não temos condições de continuar vendendo
para os Estados Unidos enquanto esse tarifaço permanecer”, afirmou Airton
Torres, presidente do Sindicato da Indústria de Extração do Sal do RN.
Embora as exportações de sal sejam feitas por navios em
intervalos mensais, o impacto já começou a ser sentido. “Diante do anúncio
feito no mês passado, nós não carregamos mais nada para lá já há algumas
semanas. E não temos a expectativa de chegar novos navios para receber sal que
iria para os Estados Unidos simplesmente porque o cliente não aceita pagar essa
tarifa tão alta”, explicou Torres.
Sem compradores internacionais alternativos imediatos, a
produção potiguar — cerca de 500 mil a 600 mil toneladas anuais destinadas ao
mercado americano — deve ser direcionada ao mercado interno. “Esse sal vai
ficar sobrando aqui no mercado interno. A consequência é que vai haver uma
oferta maior de sal no mercado interno”, acrescentou.
Por ora, o setor ainda não definiu uma redução na
produção e nem demissões. “Nós estamos no primeiro dia que a tarifa entrou em
vigor, então nada se faz com tanta antecedência. A indústria salineira tem hoje
mais de 4.200 pessoas trabalhando dentro das salinas e produzindo sal e será
muito ruim a indústria ter que fazer demissões”, ponderou.
No setor pesqueiro, a situação também é de incertezas. O
presidente do Sindicato da Indústria da Pesca do RN (Sindipesca), Arimar França
Filho, relata que as exportações do pescado também estão suspensas e a maior
parte da frota foi colocada em manutenção ou com trabalhadores em férias.
“A gente parou os barcos, a maioria dos barcos está
parada fazendo manutenção”, afirmou. No primeiro dia do tarifaço, sete
embarcações estavam em alto mar, de um total de 32. O estado exporta cerca de 3
mil toneladas de atum por ano, sendo 80% destinadas ao mercado norte-americano.
“O que produzimos já enviamos para os Estados Unidos antes do tarifaço”,
declarou Arimar.
Apesar do cenário adverso, ainda não houve demissões formais. “Só foi colocado de férias”, disse o presidente do Sindipesca-RN. Uma reunião com representantes sindicais está prevista para os próximos dias para discutir medidas diante da paralisação.
Tribuna do Norte
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