O Brasil está cheio de manés. Manés togados, manés com
mandato, manés com microfone na mão e, infelizmente, uma multidão de manés com
título de eleitor. Não faltam os que aplaudem o autoritarismo disfarçado de
legalidade, nem os que beijam os pés de líderes políticos como se fossem
semideuses, mesmo quando suas decisões claramente afundam o país em retrocesso.
Vamos começar com o Supremo Tribunal Federal, que deveria
ser o guardião da Constituição, mas parece mais interessado em ser o
protagonista político da vez. O STF deixou de ser um tribunal para se tornar um
palco — e seus ministros, estrelas. Há uma inversão de papéis: quem deveria
aplicar a lei se comporta como legislador, e quem deveria garantir a liberdade
age como censor. Tudo, claro, sob o pretexto de "combater a
desinformação", um conceito cada vez mais flexível conforme o alvo da vez.
Enquanto isso, a esquerda brasileira — que há muito
trocou ideias por slogans e democracia por idolatria — segue se ajoelhando
diante de um líder messiânico que trata o Estado como uma extensão de seu
partido. Questioná-lo virou pecado; criticá-lo, crime. É o retorno da velha
política vestida com as roupas do “novo”. E pior: boa parte da imprensa, que
deveria fazer o papel de vigilante, atua como assessoria de imprensa do
governo.
A idolatria é tamanha que muitos preferem ver o país
afundar a admitir que o “mito deles” errou. E enquanto isso, o Brasil perde
credibilidade lá fora. Nosso país, que já foi uma potência emergente, hoje é
visto como um lugar instável, com instituições em conflito, sem segurança
jurídica, com investidores fugindo e com a imagem deteriorada nos fóruns
internacionais — não por preconceito, mas pelos próprios erros internos.
A economia patina, a insegurança cresce, o agronegócio é
atacado por ideologia, o empresariado é tratado como vilão, e quem tenta
produzir é sufocado por impostos e burocracia. Mas boa parte da população
parece anestesiada — ou encantada com discursos bonitos que escondem realidades
desastrosas.
Sim, o Brasil está cheio de manés. Manés que trocam
liberdade por ilusão de segurança. Manés que confundem justiça com vingança
política. Manés que não percebem que a destruição das instituições começa
quando aceitamos que elas sejam usadas contra os "outros" — até que
sejamos nós os alvos.
Mas ainda há quem resista. Quem enxergue o jogo. Quem não
se curva nem à toga, nem à estrela. Essa minoria precisa crescer. Porque, no
ritmo em que vamos, o Brasil corre o risco de se tornar irreconhecível — e
governado, como sempre, por espertos que se aproveitam da passividade dos
manés.
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