Parlamentares de ao menos três estados – Rondônia, Rio
Grande do Norte e Roraima – receberam rendimentos acima do teto constitucional
de R$ 44 mil em 2024, que corresponde ao salário do presidente da República. A
remuneração líquida de deputados estaduais em Rondônia, por exemplo, atingiu R$
105 mil em um único mês, segundo dados do Portal da Transparência levantados
pela Folha de S.Paulo.
A distorção salarial se deve a benefícios e indenizações,
conhecidos como “penduricalhos”. Em Rondônia, essa renda dos parlamentares pode
ser até 61 vezes superior à média da população do estado. No Rio Grande do
Norte, em alguns meses, os benefícios somados ao salário-base de R$ 33 mil
resultam em uma remuneração líquida de R$ 53 mil. Já em Roraima, a renda bruta
dos deputados foi de R$ 55 mil no ano de 2024, mas o portal não detalha se a
cifra inclui outros penduricalhos.
Esses salários superam os vencimentos de parlamentares em
estados mais ricos, como São Paulo, onde a remuneração é de R$ 33 mil. O valor
dos benefícios varia a cada mês, mas são recorrentes para a maioria dos
parlamentares. Os dados constam no Índice de Desigualdade Salarial 2025,
elaborado pelo grupo Livres, que usa informações do IBGE. A Folha questionou
o Legislativo dos três estados, mas não houve resposta.
As discrepâncias também foram encontradas entre
governadores. Os mais bem remunerados são os de Sergipe e Acre, que receberam
R$ 44 mil e R$ 40 mil, respectivamente, em 2024. Esses valores superam os
salários de chefes do Executivo de São Paulo (R$ 34,5 mil) e Rio de Janeiro (R$
21,8 mil).
A diferença salarial em relação à população persiste. Sem
os penduricalhos, governadores e deputados ganham até 30 vezes mais do que a
média de seus estados, como no Maranhão, onde o governador recebe R$ 33 mil por
mês.
Em nota, o governo do Acre disse reconhecer “os desafios
relacionados à renda da população e que tem compromisso com a promoção de
oportunidades para os acreanos”. Já o governo de Sergipe afirmou que “o estado
tem avançado na geração de emprego e renda e que a legislação que definiu o
salário do governador foi aprovada pela gestão anterior”. O governo do
Maranhão, por sua vez, afirmou que a remuneração do chefe do Executivo “está de
acordo com as responsabilidades do cargo e com a média do salário em outros
estados”.
No âmbito municipal, a disparidade salarial é menor, mas
prefeitos chegam a receber até 17 vezes mais do que a renda média da população.
Em Porto Velho (RO), o prefeito ganha R$ 28,5 mil por mês, enquanto a renda dos
moradores é de cerca de R$ 1.528. A Prefeitura de Porto Velho afirmou, em nota,
que “a diferença em relação à renda média da população reflete fatores de ordem
nacional e regional, como o mercado de trabalho e a concentração de
oportunidades no centro-sul do Brasil”.
O prefeito de Porto Velho recebe mais do que o de Porto
Alegre, onde o salário é de R$ 22,6 mil. Em termos absolutos, o prefeito de
Belo Horizonte é o mais bem remunerado entre as capitais, com salário de R$
35.505,22.
Entre os vereadores, os de Rio Branco (AC) têm a maior
diferença em relação ao salário médio dos cidadãos, recebendo R$ 17.729,86 por
mês, valor 13,4 vezes superior à renda da população. Em São Paulo, o salário
dos vereadores é de R$ 18.991,68, 5,8 vezes maior do que a renda dos
paulistanos. A Câmara Municipal de Rio Branco não respondeu à reportagem
da Folha.
*Com informações da Folha de S.Paulo
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