Olho D'água do Borges/RN -

EDITORIAL — Bolsonaro está preso. E agora? O Brasil finalmente vai melhorar?

 

A prisão de Jair Bolsonaro era, para muitos, a explicação que faltava para o país “destravar”. Durante anos, qualquer tropeço econômico, social ou institucional do governo Lula era atribuído direta ou indiretamente ao ex-presidente. Era o discurso fácil, o álibi perfeito: se algo ia mal, a culpa era do “governo anterior”.

Mas agora Bolsonaro está preso. A narrativa acabou!

No Rio Grande do Norte, o exemplo é cristalino. O governo Fátima Bezerra repetia exaustivamente que a crise fiscal era culpa da Assembleia que não havia aprovado o aumento do ICMS. Disseram que, sem elevar o imposto de 18% para 20%, nada avançaria. Pois o aumento foi aprovado. O contribuinte está pagando a conta. E a crise? Só se aprofundou. A narrativa ruiu como um castelo de areia no vento.

No governo Lula, ocorre o mesmo fenômeno, só que em escala nacional. Para tudo — inflação resistente, rombo nas contas públicas, déficits bilionários nas estatais, PIB decepcionante, sempre havia uma justificativa pronta: “culpa de Bolsonaro”.

Agora, com o ex-presidente encarcerado, o discurso oficial perde seu personagem principal. A pergunta que ecoa é inevitável:

E agora, Brasil? Vai melhorar? Vai acabar o rombo? Vai vir a prometida picanha? O país finalmente vai entrar nos trilhos?

Os fatos mostram que não é tão simples.

A crise fiscal é real e crescente. O gasto público aumentou, a dívida subiu, as estatais acumulam prejuízos, e o governo insiste em revisões de metas fiscais que empurram o problema para o futuro — aquele mesmo futuro que sempre chega cobrando juros altos. O país continua sem reformas estruturais profundas, sem responsabilidade fiscal sólida e sem um plano coerente de sustentabilidade das contas públicas. E isso não muda com uma prisão.

Se antes Bolsonaro era o culpado, agora o governo Lula precisará encontrar outro vilão para justificar seus fracassos. Porque os números são teimosos, e a realidade não aceita propaganda.

No RN, o governo já não tem como culpar a oposição pelo aumento de impostos que não resolveu nada. Em Brasília, o Planalto não pode mais responsabilizar o governo anterior por decisões tomadas hoje. A cobrança será direta, sem intermediários.

Se a economia continuar patinando, quem será apontado como responsável?

A oposição? O Congresso? O mercado? A imprensa? Ou, finalmente, o próprio governo reconhecerá que a crise não é obra de um inimigo político, mas resultado de escolhas — e erros da gestão atual?

O país está diante de uma encruzilhada. A prisão de Bolsonaro pode até servir como objeto de disputa eleitoral, mas não enche a geladeira do povo, não equilibra as contas do Estado e não salva o Brasil da instabilidade fiscal que se agrava ano após ano.

Agora não existe mais desculpa e não existe mais sombra. Agora o governo Lula terá que enfrentar, cara a cara, a responsabilidade pelos rumos do país.

E a pergunta permanece, urgente e incômoda: Sem Bolsonaro para culpar, quem responderá pelos desmandos, atrasos e fracassos que já não cabem sob o tapete da história? 

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