Mesmo com aval para investigar a aplicação de recursos
federais por Estados e municípios, a questão dos respiradores comprados pelo
Consórcio Nordeste, e que nunca foram entregues, tem ficado de fora dos olhares
da CPI da Covid. Reportagem da revista Veja publicada
nesta sexta-feira, 23, mostra detalhes da compra que resultou em prejuízo de R$
48 milhões aos cofres públicos.
No centro da negociação de 300 respiradores está a
Hempcare Pharma que, apesar de ter apenas dois funcionários registrados, firmou
o contrato milionário. O inquérito que apura a compra dos equipamentos,
inicialmente conduzido pela polícia baiana, apresentou a empresa de Cristiana
Prestes Taddeo como ponta de uma rede criminosa.
“O negócio, desde o início, foi planejado para dar
errado. Vasculhando o contrato, os investigadores detectaram uma série de
ilegalidades para facilitar e agilizar ao máximo a negociação. Só para citar um
exemplo: o acordo original previa a contratação de um seguro internacional para
garantir a entrega da mercadoria, uma cláusula que visa exatamente a proteger o
comprador. No meio do processo, o contrato foi modificado. O seguro passou a
valer apenas a partir do momento em que os respiradores deixassem a China, de
onde teoricamente seriam importados. Como esse embarque nunca aconteceu e o
pagamento foi antecipado, R$ 48 milhões foram para o ralo, numa trama, segundo
os policiais, que ultrapassou ‘os limites da vilania'”, afirma a reportagem.
Por envolver o governador da Bahia, Rui Costa (PT),
apontado pela Polícia Federal como “potencial investigado”, o inquérito foi
remetido para o Superior Tribunal de Justiça, em Brasília. O petista presidia o
Consórcio Nordeste à época dos fatos. Ouvido pela Polícia Federal, Costa se
eximiu de qualquer responsabilidade pela fraude. Segundo ele, não fazia parte
das atribuições de um governador observar detalhes de licitação ou de
contratos.
0 comentários:
Postar um comentário