A natureza tem suas próprias verdades, é fato. Apesar de
exaustivos estudos e previsões conduzidos pelo homem, é impossível afirmar com
precisão matemática quando e com qual intensidade ocorrerá um determinado
fenômeno natural. No entanto, é possível, com a análises de múltiplos fatores,
apontar uma direção. Quando se trata de chuva, dois fenômenos - El Niño e La
Niña - norteiam o cenário pluviométrico da estação chuvosa no Ceará.
Apesar de não serem os únicos sistemas indutores (ou
inibidores) de pluviometria, é neles que o sertanejo se apega. Quando há
ocorrência da La Niña ou neutralidade, as chances de boas chuvas no Semiárido
nordestino são maiores. Em 2021, portanto, a esperança de bons índices foi
renovada. Isso porque os principais institutos de meteorologia do Brasil
confirmam a consolidação deste fenômeno.
La Niña é o resfriamento das águas do Oceano Pacífico
Equatorial (0,5°C ou menos, abaixo da média). Essa condição é um dos
indicadores à ocorrência de boas chuvas.
"É um bom indicativo para o início da quadra
chuvosa", ilustrou o meteorologista do Centro de Previsão do Tempo e
Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe),
Diego Jatobá. Segundo ele, La Niña vai influenciar, também, "as chuvas na
pré-estação, no Ceará". Apesar do tom de otimismo, ele ressaltou,
entretanto, ser "necessário destacar que é um fenômeno de rápida duração e
de baixa intensidade", e que ainda pode se modificar até o fim do ano.
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA),
do governo norte-americano, segue a mesma análise do Inpe, mas aponta que o
fenômeno ainda está "com fraca intensidade". Conforme o Inpe, até o
momento, o estudo aponta que La Ninã deve permanecer durante o verão no
Hemisfério Sul (início do ano, no Ceará), e perder força a partir da segunda
quinzena de março. O meteorologista da Universidade Federal de Alagoas (UFAL),
Humberto Barbosa, no entanto, observa que esse grau de intensidade pode mudar
para melhor.
"Até o momento, temos um cenário favorável, uma La
Niña moderada, mas ganhando força. Só o fato de não termos El Niño (aquecimento
das águas superficiais do Oceano Pacífico) é um bom indicador", explica.
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