Olho D'água do Borges/RN -

Pelos menos o mínimo

Cuidado: os autores dessa tal reforma política - os eleitos - sabem muito bem onde estão seus interesses e objetivos. Nós, eleitores, ainda precisamos identificar o que queremos.
Numa eleição majoritária escolhe-se um candidato e vota-se nele. Presidente, Governador, Prefeito, Senador: um ganha, os outros perdem. O eleitor sabe, se responsabiliza pelo que fez e agüenta as conseqüências.
A porca torce o rabo é nas eleições para vereador, deputados estaduais e federais, precisamente aquelas em que são escolhidos os nossos representantes, que no meu e no seu nome vão fazer leis, criar impostos e autorizar despesas.
Em conjunto representam a nossa vontade. Mas, como toda representação, compõem apenas parte da realidade.
A realidade é uma e é única. Sua representação é que pode variar entre a máxima fidelidade e o mais absoluto distanciamento. Isso é normal, uma vez que a realidade evolui e se altera – e muitas vezes a forma de representá-la se esgota e precisa ser renovada para reaproximar-se daquilo que pretende representar.
No nosso caso parece que chegamos ao máximo da distância entre a realidade - a vontade popular - e a composição das Câmaras municipais, das Assembléias e da Câmara dos Deputados - sua representação.
Há razões históricas para isso, que remontam à necessidade de interessar a classe política que trabalhava no Rio de Janeiro a trocar Copacabana por Brasília. Pouco depois da mudança da capital veio o regime militar, que não fechou o Congresso: cassou quem quis, corrompeu ainda mais o resto, e pautou as relações entre o Executivo e o Legislativo. O mais recente episódio foi o “mensalão”.
E o nosso voto acabou sendo expropriado.
Uma vez apertado o botão na urna o eleitor brasileiro perde controle sobre seu voto, e logo sobre a expressão de sua vontade. Mexeram aqui, mexeram ali, e hoje sabemos em quem votamos, mas não temos a menor idéia de quem o nosso voto elegeu. Coligação ali, coligação aqui, meu voto pode servir para eleger alguém em quem não confio, e até num partido do qual discordo.
A representação e a realidade se divorciaram, e os nossos representantes podem escolher a quem prestar contas. Eu, eleitor, não sei de quem cobrar nem me posso me responsabilizar por nada.
Não me interessa como: dessa reforma política quero, em qualquer eleição, o direito de saber o nome de quem foi, ou deixou de ser, eleito com meu voto. Na circunstância, esse é o mínimo a pedir de uma reforma política digna desse nome.

Edgar Flexa Ribeiro é educador, radialista e presidente da Associação Brasileira de Educação

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