Foram 14 horas e sete máquinas para contar 51 milhões de
reais em espécie, a maior apreensão em dinheiro vivo da história da Polícia
Federal. O "tesouro perdido" encontrado em um imóvel atribuído a
Geddel Vieira Lima vem sendo escavado desde o início das investigações contra o ex-ministro e braço
direito de Michel Temer.
O esquema envolvendo desvios na Caixa Econômica Federal,
possível origem de parte da bolada recorde, deve ser um dos temas principais da
delação ainda não homologada de Lúcio Funaro, operador do PMDB ligado ao
ex-deputado Eduardo Cunha.
O mapa do "Tesouro Perdido", nome dado pelos
investigadores à ação, baseou-se em uma denúncia telefônica e em pesquisas de
campo. De acordo com a busca e apreensão autorizada pelo juiz Vallisney de
Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, a polícia suspeitava
que o ex-ministro Geddel, apontado por Joesley Batista como
interlocutor de Temer após a prisão de Cunha, guardava "possíveis
provas" de ilícitos em um imóvel na rua Barão de Loreto, em Salvador.
Segundo o despacho, o Núcleo de Inteligência da PF teria
recebido a denúncia por telefone, em que foi relatada a utilização por Geddel
de um apartamento no 2º andar do Edifício Residencial José da Silva Azi
"para guardar caixas com documentos". Em conversa com moradores do local, os
investigadores foram informados que um pessoa usou o imóvel para guardar
"pertences do pai" do ex-ministro. O pai de Geddel morreu no início
de 2016.
A origem do valor ainda precisa ser esclarecida, mas há
relatos que podem ajudar a explicar parte desta quantia. Segundo as
investigações da ação Cui Bono, que deu origem à ação Tesouro Perdido, Geddel
teria recebido cerca de 20 milhões de reais em propina quando ocupava o cargo
de vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, entre 2011 e
2013. Pelos pagamentos, o ex-ministro de Temer aprovava a liberação de recursos
da caixa e do Fundo de Investimento do FGTS, controlado pelo banco.
No mandado judicial, datado de 30 de
agosto, consta que "há fundadas razões de que no supracitado imóvel
existam elementos probatórios da prática dos crimes relacionados na manipulação
de créditos e recursos realizadas na Caixa Econômica Federal"
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