Abandonado pelo PT, Eduardo Cunha
detonou o processo de impeachment contra Dilma Rousseff. Fez isso num instante
em que a Lava Jato exibe as entranhas da República, o PIB aponta para um
derretimento de mais de 3% em 2015, a inflação roça os dois dígitos, o
desemprego bate em 8% e o Planalto celebra como vitória a aprovação no
Congresso de uma proposta que o autoriza a fechar as contas do ano com um rombo
de R$ 119,9 bilhões no lugar do prometido superávit de R$ 55,3 bilhões. Muita
gente se pergunta: quando começa o caos? A má notícia é que o caos já começou.
A boa notícia é que, diante da tragédia a pino, o país tem a oportunidade de se
reinventar. Caos não falta.
Dilma não precisou da oposição para chegar ao caos.
Desfrutou do privilégio de escolher o seu próprio caminho para o inferno. A
presidente costuma dizer: “Ninguém vai tirar a legitimidade que o voto me deu”.
Engano. Há na praça uma pessoa que parece decidida a transformar em problema
aquela que havia sido eleita como solução dos 54 milhões de brasileiros que lhe
deram o voto em 2014. Chama-se Dilma Rousseff a responsável pelos atentados
cometidos contra a legitimidade de Dilma Rousseff, hoje um outro nome para o
erro.
Depois de liberar seus operadores políticos para
providenciar os votos que salvariam o mandato de Eduardo Cunha no Conselho de
Ética da Câmara, Dilma foi desautorizada pelo seu próprio partido. O PT
concluiu que o resgate cobrado por Cunha para engavetar o impeachment era caro
demais até para um partido que se tornou amoral. Diante do fato consumado,
Dilma faz pose de valente. Nas suas primeiras reações, ela disse que jamais
cedeu a chantagens.
Prepara uma aparição em público enrolada na bandeira da
legalidade. Sustenta que não há razões para o impeachment. Em privado,
auxiliares da presidente ruminam o receio de que a deterioração da economia
devolve os brasileiros às ruas. Reconhecem que o governo bateu nas fronteiras
do imponderável.
Eduardo Cunha vinha dizendo aos aliados que não cairia
sozinho. Ambicioso, ele quer levar junto ninguém menos que a presidente da
República. E o petismo não pode nem reclamar. Foi sob Lula que Cunha plantou
bananeira dentro dos cofres da Petrobras.
Fonte: Josias de Souza
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