Ministros do Supremo Tribunal
Federal avaliam que as
contradições entre a defesa apresentada pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
sobre as acusações contra ele e as investigações da Procuradoria-Geral da
República fragilizaram ainda mais as condições para a permanência dele no cargo
de presidente da Câmara.
Em conversas
reservadas, conforme apuração do Estadão, ao menos cinco dos 11 ministros do
Supremo consideram que Cunha “caiu em desgraça” e que sua presença no comando
da Câmara “atrapalha a agenda do país”, provocando uma espécie de “nó
político”, sem uma solução à vista.
Por ora, a
maioria da Corte considera “drástico demais” um eventual afastamento de Cunha
do comando da Câmara e duvida que o Ministério Público Federal formalize tal
pedido tão cedo.
“Esse assunto tem de ser resolvido politicamente pelo
Congresso”, disse um ministro do STF. Outro integrante do Supremo ressaltou que
os ministros não querem ser acusados mais uma vez de “judicializar a política”.
“Nós temos de nos manifestar nos autos do processo. Por enquanto, só conhecemos
a defesa pela imprensa”, afirmou.
Porém, como
Cunha insiste em permanecer no cargo e tem manobrado para evitar o avanço de um
processo contra ele no Conselho de Ética, é quase inevitável que o Supremo
Tribunal Federal seja instado a intervir.
Para
investigadores que atuam no caso, foi “desastrosa” a estratégia do presidente
da Câmara em expor sua defesa por meio de uma série de entrevistas a veículos
de comunicação. Oficialmente, a Procuradoria-Geral da República não se
manifesta. Nos bastidores, porém, fontes da investigação comemoraram a exposição
voluntária de Cunha. Isso permitiu, segundo essa avaliação, que ele próprio
fosse contraditado por documentos da Suíça que já são públicos.
No Planalto,
interlocutores da presidente Dilma Rousseff também consideraram equivocada a
estratégia de Cunha. “O problema é que ele não sabe jogar na defensiva. E a
estratégia de conceder entrevistas obteve muito mais ônus que bônus”, disse um
auxiliar de Dilma. “O governo tem de deixar que a Câmara resolva sozinha.
“Há cerca de dez
dias, Cunha concedeu uma série de entrevistas para rebater a acusação de que
seria proprietário de quatro contas no exterior – ao menos uma delas teria sido
irrigada com dinheiro do esquema de corrupção na Petrobras.
Fonte: O Globo
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