Entre os mais de
300 servidores da Associação de Proteção e Assistência à Maternidade e à
Infância em Mossoró (APAMIM), pelo menos 34 tinham supersalários, entre eles a
ex-deputada estadual Larissa Rosado, com salário de R$ 205.958,00.
Os 34 “servidores”,
juntos, ganhavam R$ 4.655.000,00/mês, enquanto que a folha de pagamento/mês dos
servidores reais da APAMIM (cerca de 300) não chegava a R$ 600 mil.
O salário de marajá
da ex-deputada não era o maior dentro da APAMIM, que passava sérias
dificuldades para pagar os servidores reais. Havia um salário de R$384.663,00.
(Veja print do relatório do MP).
A planilha com os
34 nomes com salários muito acima do que APAMIM podia pagar foi descoberto
pelos promotores de Justiça do Ministério Público Federal, Estadual e do
Trabalho, durante operação policial dentro APAMIM em agosto de 2014.
O escândalo foi mostrado nesta terça-feira, 22, pela InterTV. As informações
contidas na Planilha de Servidores da APAMIM foram confirmadas no Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho, em Brasília.
Como o faturamento
junto ao Sistema Único de Saúde (SUS) era em média R$ 700 mil, como a então
presidente da APAMIM, Maria Vânia Azevedo Moreira, pagava a folha que passava
de R$ 5 milhões, e custava a manutenção da então Casa de Saúde Dix Sept Rosado?
Antes de responder
estas perguntas é preciso explicar primeiro que os promotores de Justiça descobriram
também que não acontecia assembleia geral e nem extraordinária dos Sócios da
APAMIM e que as atas eram preenchidas e quem assinava eram os funcionários.
Portanto, ressalta
os promotores, Maria Vânia Azevedo Moreira não havia sido legalmente eleita
presidente da APAMIM e sim, quem realmente decidia e mandava em tudo na
APAMIM/CSDR era o grupo político do ex-deputado federal Laíre Rosado Filho, que
de fato aparece na Receita Federal como presidente da entidade
Os promotores
observam que atualmente o Hospital Maternidade Almeida Castro administrado pela
Junta Interventora Federal, usando recursos do SUS e a mesma parceria com a
Prefeitura Municipal de Mossoró, funciona bem, tem estoque de medicamentos e
materiais de consumo, assim como está reestruturando e ampliando os serviços
maternos infantis e também hospitalares da unidade.
“Todo mês
reservamos um valor para reestruturar e ampliar os serviços oferecidos. Agora
estamos concluindo os trabalhos para prestar serviços aos Planos de Saúde e
também particular. O que vamos faturar, vamos reinvestir na estruturação”,
explica Larizza Queiroz, coordenadora da Intervenção na APAMIM/HMAC.
Como se pagava os
supersalários
Enfim, como Maria
Vânia Azevedo Moreira e Laíre Rosado Filho pagavam uma folha superior a R$ 5
milhões faturando menos de R$ 700 mil do SUS? Primeiro é preciso ressaltar que
os 34 nomes identificados pelos promotores de justiça com altos salários não
trabalhavam. É o caso da ex-deputada estadual Larissa Rosado.
Na verdade, os
promotores suspeitam que os salários destes 34 servidores não eram pagos.
Deixava-se atrasar. Em 2008, 2010, 2011, 2012 e 2013, os sócios da APAMIM
teriam se reunido e aprovado empréstimos em vários bancos para pagar os
servidores.
Entretanto, estas
autorizações não existiam. As atas eram forjadas.
Os promotores de Justiça
descobriram que a então “direção” da APAMIM preenchia o documento com o que se
precisava (fazer o empréstimo) e colocava para os servidores da maternidade
assinarem, como se fossem os sócios, autorizando os empréstimos para pagar
parcelado com recursos do SUS.
Para conseguir as
certidões negativas juntos a Receita Federal (recolhiam os tributos dos
servidores e não repassava para o INSS e FGTS), a direção da APAMIM ia lá e
negociava os débitos milionários, pagando a primeira parcela somente para ter a
certidão negativa temporária. Assim tinha o nome limpo para pegar os
empréstimos milionários.
Estes valores
tomados emprestados nos bancos variavam de R$ 150 mil a R$ 9 milhões, conforme
fica claro nas colocações do Ministério Público Estadual em processo pedindo o
fim da APAMIM.
Se por um lado
entravam milhões e mais milhões oriundos de empréstimos junto a várias instituições
bancárias e também agiotas para pagar com recursos do SUS repassados pelo
Governo Federal para a APAMIM, por outro lado faltavam tudo na então CSDR,
administrada pela APAMIM.
Até as seringas
eram reutilizadas.
Os promotores
desconfiam que estes milhões eram usados para pagar o supersalários nas épocas
de campanha. Por exemplo: pagando-se 10 salários “atrasados” de Larissa Rosado,
já se tinha R$ 2,05 milhões. Como haviam 34 pessoas com supersalários,
desvia-se quase todos os recursos pegos emprestados nos bancos e colocado para
o SUS pagar parcelado. Todos estes detalhes estão sendo transformados em
processos nas promotorias de Justiça.
Outro fator
comprovado pelos promotores, foi que a então presidente da APAMIM, Maria Vânia
Azevedo, estava ocupando o cargo ilegalmente, ou seja, teria sido eleita
presidenta da entidade do mesmo jeito que se conseguia autorização dos sócios
para fazer empréstimos: forjando atas como se tivesse ocorrido assembleias
extraordinárias.
Outro lado
A reportagem tentou
ouvir a ex-deputada Larissa Rosado sobre as acusações dos promotores de Justiça
do Ministério Público Estadual, Federal e do Trabalho, porém não obteve êxito.
O MOSSORÓ HOJE está aberto para as considerações da ex-deputada, se caso assim
desejar.
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