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Feriado de 03 de outubro no RN - Dia dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu

Dia 3 de outubro é feriado no Rio Grande do Norte. O feriado estadual é uma homenagem aos mortos durante dois  massacres, ocorridos em 1645: um na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no engenho Cunhaú, no município de Canguaretama, e o outro na Comunidade Uruaçu  em São Gonçalo do Amarante.
Em maio de 2000, o Papa João Paulo II Beatificou os Mártires de Cunhaú e Uruaçu como exemplos de fé cristã e defensores da igreja Católica. Nesse mesmo ano, o Governo do Estado, em resposta à uma solicitação da Arquidiocese de Natal decretou o feriado de 3 de outubro.

A lei que originou o feriado no Estado é de autoria do deputado José Dias. Aprovada pela Assembleia Legislativa e promulgada pela então governadora Vilma de Faria, foi publicada no Diário Oficial do Estado no dia 7 de dezembro de 2006.

A Beatificação dos Mártires

Para que o processo de beatificação fosse aprovado, a Congregação para a Causa dos Santos, no Vaticano, exigiu provas que teriam que atender a três requisitos

1.Que as mortes tenham sido de forma violentas
2.Que os motivos tenham sido de ódio à fé católica
3.Que as vítimas tenham aceito livremente o sacrifício                       

Coube ao Monsenhor Francisco de Assis Pereira, postulador da causa da beatificação dos mártires, o desafio de provar que essas circunstâncias fizeram parte do episódio de Cunhaú e Uruaçu.
Monsenhor Assis acompanhou o processo por mais de dez anos, reunindo documentos em pesquisas realizadas em Portugal, Holanda e no Brasil. Deste material resultou o livro Protomátires do Brasil, de sua autoria. As provas reunidas pelo Monsenhor  são explicadas a partir da análise de cada massacre:

1. O Caso do Massacre de Cunhaú

"No caso de Cunhaú a violência foi caracterizada pelo fato do grupo de fiéis ter sido chacinado em um recinto fechado, dentro da capela, sem possibilidades de fuga. Além disso, o ataque foi de surpresa e a traição, desfechado de forma repentina por índios selvagens e soldados holandeses armados.
O cenário onde se deu o massacre, o interior da capela, prova o ódio a fé católica. Um a um, portugueses e colonos foram retalhados por espadas afiadas. O Padre André de Soveral, de 73 anos, que celebrava a missa, foi atacado por uma adaga e, depois de morto, feito em pedaços.
Em uma situação de respeito à religião e a fé, a capela de Nossa Senhora das Candeias teria que ter sido considerada um lugar inviolável e sagrado. 

O terceiro elemento que comprova o martírio na capela Nossa Senhora das Candeias é a aceitação voluntária da morte.Os fiéis não reagiram de forma violenta e, mesmo depois, não houve vingança, concordando com o sacrifício da vida". 

 2. No Caso do Massacre de Uruaçu   

"Em Uruaçu, a morte violenta está explícita no momento em que as pessoas foram atacadas por 200 soldados bem armados. O segundo critério para a declaração do martírio é morrer pela fé. Os historiadores mostram que as vitimas de Uruaçu morreram testemunhando a fé em Deus e na Igreja Católica. E, por morrerem por Deus, eles aceitaram livremente o massacre." 
O massacre é descrito pelos cronistas portugueses com impressionante realismo."Começaram a dar tão desumanos e atrozes tormentos aos homens que já muitos dos que padeciam tomavam por mercê a morte. Mas os holandeses usaram da última crueldade entregando-os aos tapuias e potiguares, que ainda vivos os foram fazendo em pedaços, e nos corpos fizeram anatomias incríveis, arrancando a uns os olhos, tirando a outros as línguas e cortando as partes verendas e metendo-lhas na bocas"( Santiago) O Padre Ambrósio, ainda vivo, foi muito torturado, mas é a descrição da morte de Mateus Moreira o ponto mais expressivo de toda narrativa de Uruaçu e constitui um dos mais belos testemunhos de fé na Eucaristia, confessada na hora do martírio. Os algozes arrancaram-lhe o coração pelas costas e ele morreu exclamando:" Louvado seja o Santíssimo Sacramento"
Para o Monsenhor Francisco de Assis "a memória dos servos de Deus sacrificados em Cunhaú e Uruaçu, em 1645, permaneceu na alma viva do povo potiguar, que os venera como autênticos defensores da fé católica."

O processo de beatificação foi concedido pela Santa Sé, e no dia 21 de dezembro de 1998, o Papa João Paulo II assinou o Decreto reconhecendo o martírio de 30 brasileiros, sendo 2 sacerdotes e 28 leigos.

O processo dos mártires encontra-se agora rumo a canonização, que se concretizada,dará ao Brasil seus primeiros Santos Mártires brasileiros.


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