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A batalha que Dilma não pode perder

Vai ser uma praça de guerra. A frase tem sido repetida para alguns interlocutores por Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB, para retratar a quarta-feira na Câmara. A votação do salário mínimo de 545 reais será o batismo de fogo de um governo que mal iniciou.
Dilma Rousseff não pode perder a parada para não sangrar nas suas relações com a base aliada já em seu 45º dia de governo.
Não pode sair derrotada para não ser obrigada a recuar em seu enfrentamento com uma parte substancial do PMDB – sobretudo o de Henrique Alves e Eduardo Cunha, mas não só dos dois, claro.
O governo não pode piscar e ver aprovado, por exemplo, um mínimo de 560 reais, algo que desequilibrará sua política econômica por um bom tempo.
Dilma não pode perder também por que o insucesso trincaria um pouco a recente, mas cada vez mais estreita de relação de confiança com Antonio Palocci, seu articulador político.
Ela não pode, enfim, deixar escapar a oportunidade para iniciar o seu governo com uma vitória importante na Câmara. Um mau resultado a enfraqueceria aos olhos não só da classe política, sempre tão diligente em aproveitar-se desses vácuos de poder. O malogro na quarta-feira a debilitará também aos olhos da opinião pública.
Pode ser a senha para que a população comece a processar sinais de um início de governo em tom menos róseo que o propagado pela garganta autocongratulatória de Lula.
Indo direto ao ponto, um tropeço na Câmara fará dupla ao anúncio dos cortes de 50 bilhões no Orçamento — necessários, óbvio, mas também uma evidência de que havia descontrole no ar. Ou como, gostam de dizer os petistas quando recebem governos de mãos adversárias, seria o indicador de uma “herança maldita”. Tudo isso, ressalte-se, num período de menos de uma semana.
Enfim, se vier não será uma derrota qualquer. FHC amargou uma em abril de 1995, em sua primeira batalha do reajuste do salário mínimo. Vivia, então, o auge dos louros do Plano Real. Perdeu. E foi obrigado a abrir alguns espaços ao PMDB que não estavam em seu programa.
As chances de Dilma conseguir emplacar o salário mínimo de 545 reais são muito maiores do que de fracassar na quarta-feira. Em privado, até a oposição e as centrais sindicais reconhecem isso.
Até onde se sabe, a turma do PMDB que já recebeu um chega pra lá de Dilma (sim, a de Cunha & Alves) não está se movimentando para atrapalhar a vida do governo na quarta-feira. Já é um bom indicador para o governo. Mas quando se entrar numa praça de guerra nada está garantido de véspera.

Fonte: Radar On-line

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